Contadores de histórias se adaptam aos novos tempos e querem regulamentar a profissão
No DF, a associação da categoria tem 60 profissionais registrados. A partir desta quarta (16), eles festejam o Dia Internacional do Contador de Histórias com programação que inclui 10 horas consecutivas de narrativas
atualizado
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Uma das figuras mais importantes e mais antigas da história da humanidade é o contador de histórias. Sem ele, a tradição e a memória de vários povos se perderiam com o tempo. E nem o avanço da tecnologia tornou essa figura obsoleta. Esses narradores continuam tão atuantes, que têm até um dia dedicado a eles.
Na década de 1980, alguns países da Europa estabeleceram o 20 de março como o Dia Internacional do Contador de Histórias. A data também é comemorada no Brasil e, em Brasília, terá programação especial a partir desta quarta (16/3). A maratona de atividades é organizada pela Associação Amigos das Histórias, que conta com 60 contadores registrados – de todas as cidades do Distrito Federal.
Além das histórias bíblicas
A associação nasceu há 21 anos, quando William Reis, fundador e atual presidente da entidade, se encontrou com Maristela Papa. Ele participava de um grupo de teatro dentro de uma comunidade; ela já era contadora de histórias. O interesse comum levou à ideia de convocar outros contadores e se organizarem.
No início, durante os encontros, eles narravam apenas histórias bíblicas. Há 10 anos a temática mudou. Sagas de princesas, histórias africanas e gregas, contos de todos os tipos entraram no repertório do integrantes da associação. E o público não se restringe aos ouvintes infantis.
Sou contadora há 20 anos e posso afirmar: tem adulto que gosta mais do que a criança. São narrativas para qualquer idade
Maristela Papa, contadora de histórias
Engana-se também quem pensa que computadores, celulares e tablets são empecilho para os contadores. “Usamos todos esses recursos a nosso favor. Durante as apresentações, projetamos imagens por meio de datashows, por exemplo, e colocamos referências contemporâneas no nosso texto. Tem gente que se surpreende quando citamos o (jogo) Minecraft nas nossas histórias”.
Em busca de profissionalização
A programação comemorativa ao Dia Internacional do Contador de História inclui mesas-redondas sobre a atividade, 10 horas consecutivas de contação de histórias com convidados nacionais e locais, além de oficinas. Toda a programação tem classificação indicativa livre e é gratuita, exceto as oficinas, com inscrições a R$ 50. Os interessados podem entrar em contato com a associação pelo telefone 8568-0648.
Na sexta (18/3), a roda de conversa será sobre “A Profissionalização do Contador de Histórias – Uma Realidade que Bate a Nossa Porta”. O tema é de extrema importância, já que o contador ainda não é uma profissão regularizada no Brasil.
“A Colômbia é um dos países que tem mais contadores. E lá é uma profissão. Aqui no Brasil, precisamos atuar em outras profissões, como no meu caso, que sou professora. É preciso que tenhamos essa valorização e esse reconhecimento”, destaca Maristela.
“Em breve, queremos nos tornar a primeira associação nacional. A cada dia, percebemos que contadores de outros estados precisam do nosso apoio. Nosso evento foi feito, mais uma vez, sem nenhum patrocínio. Sabemos a importância do livro e da literatura”.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Quarta (16/03)
Das 19h às 21h: Mesa-redonda com o tema “A Importância do Evento para a Cadeia Mediadora”, na Biblioteca Nacional (Complexo Cultural da República, Eixo Monumental). Participam Professor Miranda (diretor da Biblioteca Nacional de Brasília), Rosa Sánches (diretora do Instituto Cervantes), Jô Oliveira (ilustrador) e William Reis.
Cantinho do autor: Regina Célia Melo, autora do livro “Uma Joaninha Diferente”.
Quinta (17/03)
Das 19h às 21h30: Mesa-redonda com o tema “A Importância do Contador de História Contemporâneo nas Políticas Públicas”, na Biblioteca Nacional (Complexo Cultural da República, Eixo Monumental). Participam Thelmo Martins Ribeiro (agente de livro e leitura do DF), Rosana Mont’Alverne (escritora e contadora de histórias mineira), João Bosco Bezerra (escritor do DF), Maristela Papa e Andrea Sousa (subsecretária de Cultura de São Paulo). Mediação: Sumaya Dounis.
Cantinho do autor: Joel Cavalcanti, autor do livro “O Saci”.
Sexta (18/03)
Das 14h às 18h: Mesa-redonda com o tema “A Profissionalização do Contador de Histórias – Uma Realidade que Bate a Nossa Porta”, na Câmara dos Deputados (Palácio do Congresso Nacional, Praça dos Três Poderes). Participam Erika Kokay (deputada), William Reis e Rosana Mont’Alverne (escritora e contadora de Histórias)
Contador de Histórias do dia: Luiz Eduardo (DF).
Sábado (19/03)
Das 11h às 21h: Contação de histórias – 10 horas consecutivas de histórias com convidados nacionais e locais inscritos, na Praça Central do Shopping Pátio Brasil (Setor Comercial Sul, Quadra 7)
Domingo (20/03)
Oficinas lúdicas de aprendizagem compartilhadas, abertas a qualquer interessado no tema livro e leitura. Na Escola Maria Montessori (913 Sul, Conjunto A)
Temas:
Turmas manhã: das 9h às 11h30 (0 a 30 alunos – sujeito a lotação)
O corpo do contador de histórias, com José Mauro Brant’s (RJ)
A verdade nos contos de sabedoria, com Rosana Mont’ Alverne (MG)
A interpretação para a arte de contar histórias: Um mergulho no universo da encantaria com Joca Monteiro (AP)
Poesia, palavra com sabor e alegria, com Lucrécia Leite (MG)
A Importância do olhar, com a fotógrafa Ana Isabel (GO)
Pesquisa sonora aplicada a contação de histórias, com Josi Burigo (SP) e Wellington Silva (SP)
Turmas tarde: das 14h às 16h30 (20 a 30 alunos – sujeito a lotação)
O corpo de quem conta histórias, com José Mauro Brant’s (RJ)
A verdade nos contos de sabedoria, com Rosana Mont’ Alverne (MG)
A interpretação para a arte de contar histórias: Um mergulho no universo da encantaria com Joca Monteiro (AP)
Pesquisa sonora aplicada a contação de histórias, com Josi Burigo (SP) e Wellington Silva (SP)
Rodas de brincar, com Cristina Leite (DF)
Projetos interdisciplinares e a contação de histórias, com Edvânia Braz (GO)