Vamos celebrar a Semana da Consciência Negra: veja agenda de eventos
Shows, mostras de cinema, debates e oficinas marcam as comemorações realizadas no Distrito Federal
atualizado
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No Dia da Consciência Negra, comemorado nesta terça-feira (20/11), homens e mulheres de todas as partes do país celebram o orgulho de sua ancestralidade e reforçam o necessário discurso por igualdade racial. Em Brasília, diversos eventos irão homenagear a data e engrossar o coro contra o racismo, algo ainda tão latente no Brasil.
Shows, exposições e debates compõem uma programação diversificada que começa na segunda-feira (19/11) e perdura durante todo o mês. Nomes como Drik Barbosa, Rico Dalasam e Bia Ferreira são algumas das atrações do Favela Sounds 2018. A terceira edição do festival – realizada de segunda (19/11) a sábado (24/11), na área externa do Museu Nacional da República – conta, ainda, com mais de 30 atrações musicais, quatro oficinas e cinco debates.
Já o som autêntico do Grupo Bongar (PE), da moçambicana Lenna Bahule, e do Tambor de Crioula do Seu Teodoro (DF) resgatarão as tradições afrobrasileiras na Ocupação Baobá. Os dois dias de festas, segunda (19/11) e terça (20/11), promovidos na Caixa Cultural Brasília, também terão feira de moda e desfile da marca Diáspora 009.
Mas nem só de música vivem as celebrações no DF. O Centro Cultural do Banco do Brasil apresenta Acorde! O Cinema de Spike Lee. A mostra é dedicada à extensa obra do cineasta que retirou o cinema negro do status de marginalizado até transformá-lo em parte da indústria norte-americana. Com 23 longas e quatro videoclipes, a retrospectiva chega ao DF na semana em que estreia o mais recente filme do cineasta, Infiltrado na Klan, previsto para ser lançado nesta quinta-feira (22/11).
De Xambá para o mundo
O show de encerramento da Ocupação Baobá será uma ode à história e tradição negras brasileiras. No palco, o Bongar apresenta o resultado do quinto álbum de uma bem-sucedida carreira de 17 anos. Grupo formado na comunidade quilombola de Xambá, em Olinda (PE), a formação já rompeu fronteiras e levou seus batuques a lugares como Cuba, Argentina e Uruguai, na América Latina, e Holanda, Portugal, Espanha e Inglaterra, na última turnê pela Europa.
“O nosso som representa uma ressignificação da juventude de terreiro. Estamos com os pés na nossa ancestralidade, mas atentos ao que o futuro e as novas tecnologias nos apresentam”, afirma o vocalista Guitinho de Xambá, sobre o disco mais recente, Ogum Iê, representado pelo orixá responsável por abrir os caminhos.
De acordo com Guitinho, uma das missões do Bongar é levar a mensagem de paz e respeito, além de quebrar preconceitos, muitas vezes fruto da ignorância em relação às religiões de matrizes africanas. “Nós temos a oportunidade e responsabilidade de mostrar a nossa tradição a pessoas de diversos ‘Brasis'”, explica Guitinho.
Participação internacional
A cantora Lenna Bahule dedica seu talento a mostrar aos brasileiros a beleza da música moçambicana, sua terra natal. “Meu som faz com que as pessoas se lembrem de suas ancestralidades, sejam elas quais forem”, acredita Bahule.
É a primeira vez que a cantora une sua voz à do grupo Bongar, e vê no dueto a possibilidade de entender melhor a africanidade forjada pela diáspora. “Quem ficou em Moçambique teve uma experiência diferente dos que foram escravizados e trazidos ao Brasil”, considera. “É interessante a maneira como muitas vezes eu resgato coisas da minha ancestralidade que já havia esquecido”, completa.
Às vezes a pessoa morre com 25 anos, mas só é enterrada com 80
Rico Dalasam é presença constante na capital federal. Desde que alcançou fama nacional, em 2015, o artista já fez mais de dez shows em Brasília. Parte importante do line-up do Favela Sounds, o músico diz que as letras de resistência do rap são ainda mais fundamentais no atual momento político do Brasil.
“Não temos muito o que celebrar. Nada mudou desde que eu comecei minha carreira, pelo contrário, parece que andamos para trás. O que posso e faço são músicas que instigam pensamentos de resistência”, garante Dalasam.
Em estúdio trabalhando em um novo disco, o rapper diz sentir a necessidade de mudar o foco do discurso. “Há anos falamos da violência física, do corpo. Mas chegamos ao ponto de um esgotamento narrativo. Nós precisamos continuar o jogo em outras dimensões. Precisamos entender o tamanho do peso emocional das pessoas vítimas dessas violências”, ressalta o artista.
O músico afirma que muitas vezes a violência emocional é mais cruel que a física. Por isso, nadará contra a corrente da pauta vigente. “Já tem muita gente fazendo esse serviço para o corpo, mas para seguirmos é preciso estar com o coração e a cabeça bons. Às vezes a pessoa morre com 25, mas só é enterrada aos 80”, diagnostica.
Segundo Dalasam, o novo disco aponta para uma musicalidade que passeia pelo eletrônico e por manifestações populares brasileiras. “A cada trabalho a gente busca sair do lugar e não repetir fórmulas”, pondera. O músico promete adiantar algumas das novas canções no show, além de sucessos como Todo Dia, Riquíssima e Aceite C.
Ocupação Baobá
Segunda (19/11) e terça (20/11), na Caixa Cultural Brasília (Setor Bancário Sul). Feiras e debates possuem entrada franca e classificação indicativa livre. Show com Grupo Bongar (PE) e Lenna Bahuele (Moçambique). Informações: (61) 3206-6456. Ingressos: R$ 15 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 12 anos
Favela Sounds – Festival Internacional de Cultura de Periferia
De 19 a 24 de novembro, no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Entrada franca (mediante retirada de ingressos no Sympla)
Acorde! O Cinema de Spike Lee
De 20 de novembro a 9 de dezembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Hotéis e Turismo Norte). Ingressos: R$ 5 (meia entrada). Informações: (61) 3108-7600. A classificação indicativa varia de acordo com o filme