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Vaias e aplausos na abertura do Festival de Cinema de São Paulo

O secretário de cultura, André Sturm, foi recebido sob forte protesto do público, enquanto o longa “Corpo elétrico” fez sucesso

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São Paulo – Na abertura do Festival de Cinema-Latino Americano de São Paulo, na noite de quarta-feira (26/07), o próprio cinema ficou em segundo plano por alguns instantes. Durante os discursos que abriram os trabalhos da 12ª edição do evento, no Memorial da América Latina, o público recebeu o secretário municipal de Cultura da cidade, André Sturm, com vaias e gritos de protesto, quase o impedindo de falar.

Por longos 15 minutos, Sturm foi chamado de “golpista” e ouviu manifestações contrárias ao governo do atual prefeito João Dória. Ainda assim, o secretário preferiu discursar, mesmo sendo quase impossível ouvi-lo sob as vaias dos milhares de espectadores que lotavam o pátio do Memorial.

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Filme debate questões de gênero

 

Manifestação totalmente inversa àquela percebida após a exibição de “Corpo Elétrico”, longa de estreia do diretor mineiro Marcelo Caetano, que abriu o tradicional festival cinematográfico de São Paulo, que somente este ano exibirá 102 filmes latino-americanos de 18 países, contando sempre com direção e curadoria de Francisco Cesar Filho.

Por meio do recorte de um cotidiano mundano, “Corpo Elétrico” nos revela o dia a dia de Elias (Kelner Macêdo), um jovem nordestino de 23 anos que trabalha em uma fábrica de confecções de uma São Paulo longe dos restaurantes badalados e endereços hypes.

No decorrer do longa, previsto para estrear no circuito nacional em 17 de agosto, acompanhamos as histórias dos colegas de trabalhos e dos amantes de Elias, que parecem viver exclusivamente em prol de serviços mecânicos. Pelo menos, até que o expediente acabe.

Embora a fita se debruce sobre relações homoafetivas, o diretor Marcelo Caetano não percorre um discurso panfletário do tema. Pelo contrário. “Estou ali em defesa de uma humanidade, antes de tudo. Que me perdoem, mas não vou fazer filmes para atender a uma agenda política”, comentou o realizador durante debate.

Assim, ele entrega uma narrativa que prima pela naturalidade, mas sem se escusar da discussão. “Mais do que rótulos ou bandeiras, eu quero simplesmente ser. No filme, o que melhor define aqueles personagens é a alegria, e não a sexualidade”, defendeu Lucas Andrade, um dos atores que também participou da roda de conversa.

Por entre cenas de enorme delicadeza e inteligência, passam questões relacionadas ao discurso de gênero, racismo e proletariado, “Corpo Elétrico” marcou a estreia desse festival que segue aberto aos debates contemporâneos.

Em 2017, o Festival de Cinema Latino-Americano presta ainda homenagem ao cineasta Beto Brant e investe em curadoria que chega ao encontro de uma inquietude social cada vez mais vocalizada. O secretário André Sturm que o diga.

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