“Vai que Cola – O Filme” tenta convencer no grito
Novidade nos cinemas a partir desta quinta (1º/10), a comédia traz Paulo Gustavo em uma aventura suburbana ambientada no Rio de Janeiro
atualizado
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Paulo Gustavo não é um novato nas telonas. “Minha Mãe É uma Peça”, o último filme que protagonizou, foi o título nacional mais visto no Brasil em 2013. O longa baseado em um espetáculo do humorista levou mais de 4 milhões de pessoas aos cinemas e cravou de vez o nome de Paulo Gustavo na mídia.
Em “Vai que Cola – O Filme”, o humorista repete a fórmula. Adaptou para o cinema o programa homônimo exibido semanalmente no Multishow, valendo-de de um sucesso da tevê fechada. Embora o filme apresente uma boa qualidade técnica, o roteiro fraco não se assemelha ao filme em que o ator despontou.
A história caminha a partir do imbróglio vivido por Valdomiro (Paulo Gustavo), que se muda para a pensão de Dona Jô (Catarina Abdalla) no Méier, após perder todo o seu dinheiro. Vendendo quentinhas e contrariado por ter que morar no subúrbio, Valdomiro consegue recuperar sua cobertura no Leblon.
Quando a pensão é interditada devido a um acidente, ele leva todos os moradores do lugar para se instalarem com ele na Zona Sul. A partir daí, tudo é spoiler, embora não haja nenhuma grande surpresa. Catarina Abdalla, a dona da pensão, ganha mais destaque no filme do que tem na série, tornando-de uma peça fundamental na trama.
Piadas de gosto discutível
Com Marcus Majella e Cacau Protásio no elenco, o filme cresce no quesito humor, mas são justamente os dois que recebem os piores apelidos. Bem distante do “politicamente correto”, Paulo Gustavo atinge a dupla com uma série de xingamentos que passam longe do humor. Chamar a Terezinha (Cacau Protásio) de “king kong” perde a graça diante do absurdo. Até quando Paulo Gustavo vai continuar fazendo esse tipo de “brincadeira” sem se dar conta de que as suas piadas carregadas de “humor” são repetidas inúmeras vezes, o que contribui para perpetuar preconceitos?
A Majella está designado o papel de Ferdinando, recepcionista que vive às turras com o personagem de Paulo Gustavo. A dupla se dá bem em cena e às vezes deixa escapar uma risada genuína, o que demonstra que ambos estão confortáveis nos seus papéis. Ferdinando domina o filme e garante as melhores gargalhadas, tornando-se o ponto alto de “Vai que Cola — O Filme”.
A interpretação de Marcus Majella não é suficiente para alavancar a comédia, que tenta convencer na base do grito. Com personagens falando em um tom muito acima da média, a histeria acaba tornando muitas falas incompreensíveis. O modo ligeiro de Paulo Gustavo falar é seu ponto forte no teatro e na televisão, mas no cinema rende ainda mais dúvidas sobre o que realmente o personagem falou. E neste filme o melhor a se fazer é não deixar espaço para dúvidas.
Avaliação: Regular
Veja salas e horários de “Vai que Cola – O Filme”.