Vacinação da Covid e cultura asiática: entenda o sucesso de Shang-Chi
Filme da Marvel tornou-se a primeira produção da pandemia a arrecadar US$ 200 milhões, ultrapassando Viúva Negra e Esquadrão Suicida
atualizado
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O Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) também foi impactado pela pandemia da Covid-19. Com os cinemas fechados por cerca de um ano e meio, a produtora investiu no streaming, o Disney+, para lançar seus longas que já estavam em fase de pré-produção. Isso aconteceu, por exemplo, com Viúva Negra, que teve lançamento simultâneo em salas de cinema e na plataforma da Disney. Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, no entanto, veio para provar que o público sentiu falta de frequentar salas escuras e telas enormes durante o isolamento social.
De acordo com o The Hollywood Reporter, o filme bateu, nessa sexta-feira (1º/10), mais de US$ 200 milhões nas bilheterias norte-americanas. Com isso, o longa se tornou a primeira produção lançada na pandemia a arrecadar o valor, ultrapassando Viúva Negra.
A produção está em alta desde a sua estreia, quando registrou US$ 94,7 milhões durante a abertura de quatro dias. No final de setembro, Shang-Chi já somava US$ 181,833 milhões no país, aproximando-se de Viúva Negra — que fez US$ 183,433 milhões no período que esteve em cartaz.
O filme conta a história de Shang-Chi, filho do líder de uma organização criminosa poderosa. O rapaz foi criado desde criança para ser um guerreiro, mas decidiu abandonar esse caminho e fugiu para viver uma vida pacífica. Porém, tudo isso muda quando ele é atacado por um grupo de assassinos e se vê forçado a enfrentar seu passado.
Vale lembrar que, diferentemente de Viúva Negra, Shang-Chi não estreou simultaneamente nos cinemas e no streaming. O longa chegou às salas em 2 de setembro, e só estreia no Disney+ em 12 de novembro. O hit da concorrente DC, Esquadrão Suicida estreou tanto nos cinemas como no HBO Max.
Para Aline Diniz, jornalista e apresentadora do Entre Migas, um dos principais motivos para o sucesso do mais novo lançamento da Marvel é o avanço da vacinação contra a Covid-19 e as notícias mais tranquilizadores em relação ao impacto do vírus.
“Acredito que o avanço da vacinação e notícias relativamente mais tranquilizadoras sobre o avanço do vírus podem ter incentivado a população ao retorno das atividades normais. Além disso, há também a sede pela retomada da normalidade, a saudade do cinema e da experiência coletiva. Estamos longe de retomar a normalidade como conhecíamos antes do Covid, mas apesar dos passos lentos, acredito que a conscientização pública nos deixa cada vez mais próximos de algo semelhante àqueles tempos”, analisou Aline.
Cultura e personagens diferentes
Um dos motivos que pode ter causado o sucesso iminente de Shang-Chi é a presença de uma cultura diferente da convencional norte-americana. Com um protagonista asiático, o personagem da Marvel ficou conhecido apenas após a estreia do longa – ele não esteve presente na série Vingadores, por exemplo.
Aline lembrou que o “selo Marvel” é um grande impulsionador do sucesso de qualquer produção, e vai muito além do personagem em si.
“Acredito que o grande público ainda se sinta mais confortável com o conhecido do que o desconhecido. O selo Marvel de qualidade, na minha opinião, acaba impulsionando muito mais o sucesso do filme do que o próprio personagem em si. Também existe a aclamação da crítica, que acaba incentivando o público a conferir a produção. Acima de tudo, no entanto, a vontade de retomar experiências coletivas me parece ser também um bom estímulo para se ver o filme no cinema”.
De acordo com o Rotten Tomatoes, site especializado em críticas de cinema e televisão, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis ganhou 91% de aprovação da crítica.
Principalmente por não ser somente um protagonista asiático, mas todo um elenco asiático. Uma das coisas que mais me surpreendeu positivamente em Shang Chi é o fato de que boa parte do longa tem diálogos em chinês, com atores de ascendência chinesa e uma história muito baseada na cultura chinesa. Mostra que estamos seguindo no caminho certo.
Aline Diniz
Marvel vs DC
A DC não ficou por baixo e precisou correr para estrear um de seus maiores sucessos durante a pandemia. A sequência de Esquadrão Suicida foi assistido, de acordo com o Samba TV, que mede a audiência nos Estados Unidos, em 2,8 milhões de lares nos primeiros quatro dias em território norte-americano.
Com isso, o filme teve a melhor performance entre as estreias da DC desde que a HBO Max foi lançada.
Mesmo com o esforço, o longa que traz Margot Robie no elenco, não chegou nem perto do sucesso de Shang-Chi, de acordo com sites especializados na audiência. Aline Diniz pondera que a classificação indicativa do filme e o nome parecido com o primeiro longa podem ter desencorajado o público.
“O Esquadrão Suicida estreou praticamente com o mesmo título de seu antecessor de 2016, Esquadrão Suicida, o que pode ter desencorajado alguns espectadores de assistirem ao longa nos cinemas. Além disso, o filme da WB Pictures foi lançado com classificação indicativa de +18 anos, o que pode ter assustado alguns potenciais espectadores”, finalizou.