Uncut Gems: o filme que pode fazer Adam Sandler ganhar o Oscar
Ainda sem data de estreia no Brasil, longa narra desventuras de um dono de joalherias afundado em dívidas tentando se reerguer em Nova York
atualizado
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Adam Sandler pode ganhar o Oscar 2020. Mas calma lá. Não será por uma de suas últimas comédias da Netflix, como Mistério no Mediterrâneo, coestrelada por Jennifer Aniston. Uncut Gems, dirigido pelos cultuados irmãos Benny e Josh Safdie (Bom Comportamento, Amor, Drogas e Nova York), traz o astro do humor no papel de Howard Ratner, trambiqueiro negociador de joias que precisa pagar suas dívidas antes que seja tarde demais.
Compõem o elenco nomes como Kevin Garnett, ex-craque da NBA no papel de um dos clientes fiéis de Ratner, a cantora e atriz Idina Menzel, famosa no mundo pop por dublar a rainha Elsa, de Frozen, e cantar o hit vencedor do Oscar e do Grammy Let It Go, e Lakeith Stanfield, dos filmes Corra! (2017) e Sorry to Bother You (2018) e da série Atlanta.
Ainda sem data de estreia no Brasil, o longa será lançado nos Estados Unidos em 13 de dezembro, com previsão de ampliação do circuito em 25/12/2019. Ótimas datas para o termômetro do Oscar. As indicações saem exatamente um mês depois, em 13 de janeiro. O hype, portanto, veio da passagem do filme pelos festivais de Telluride (Colorado, EUA) e Toronto (Canadá), onde o trabalho de Sandler foi elogiadíssimo pela crítica.
Os principais sites agregadores de críticas atestam isso. No Rotten Tomatoes, a aprovação é de 95%, com ênfase à direção dos Safdie, especialistas em urgentes dramas urbanos sobre gente comum, e à atuação de Sandler. A pontuação no Metacritic chega a 88, colocando o filme como o 11º mais elogiado de 2019.
Alvo da crítica por comédias como Cada um Tem a Gêmea que Merece (2011), Gente Grande (2010), que ganhou sequência em 2013, e Zerando a Vida (2016), na atual fase Netflix – ele próprio produz todas elas por meio de seu selo, a Happy Madison –, Sandler retoma em Uncut Gems seu tino para dramas potentes.
O passado mostra: Sandler tem talento
Lá atrás, quando tinha no currículo um catálogo de adultos crianções bem melhor do que os atuais – Billy Madison (1995), O Rei da Água (1998), O Paizão (1999) –, Sandler foi indicado ao Globo de Ouro pelo melancólico personagem de Embriagado de Amor (2002), filme de outro cineasta cultuado, Paul Thomas Anderson (Trama Fantasma).
Nos últimos dez anos, em trabalhos correlatos, protagonizou o subestimado Tá Rindo do Quê? (2009), de Judd Apatow (O Virgem de 40 Anos), e integrou o vasto elenco da produção Netflix Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (2017), longa de Noah Baumbach (Frances Ha) que competiu pela Palma de Ouro no Festival de Cannes.
É o que costuma acontecer com estrelas que procuram retrabalhar a imagem, o famigerado rebranding: trabalhar com cineastas de assinatura, artisticamente respeitados, prestigiados e premiados.
Robert Pattinson e Kristen Stewart, o casalzinho vampiresco Edward e Bella da saga Crepúsculo, representa o caso recente mais notório.
Antes de voltar aos blockbusters como o Batman, previsto para 2021, ele enfileirou colaborações com autores de peso jovens e veteranos: David Cronenberg (Cosmópolis, Mapa para as Estrelas), Claire Denis (High Life), Werner Herzog (Rainha do Deserto), James Gray (Z: A Cidade Perdida) e Robert Eggers (O Farol, que estreia no Brasil em 31/10). Por Bom Comportamento (2017), dos irmãos Safdie, mereceu ser considerado ao Oscar, mas não emplacou indicação.
Retornando aos holofotes com a nova versão de As Panteras (em 14/11), Stewart fez duas parcerias com o francês Olivier Assayas (Personal Shopper e Acima das Nuvens) e trabalhou com Woody Allen (Café Society), Kelly Reichardt (Certas Mulheres) e o brasileiro Walter Salles (Na Estrada). Recentemente encarnou a estrela Jean Seberg, do clássico Acossado (1960), em cinebiografia ainda inédita nas telas.