Um Dia Cinco Estrelas aparece como novo formato de comédia nacional
Com Nany People, Aline Campos e Estevam Nabote no elenco, Um Dia Cinco Estrelas estreia nos cinemas do Brasil nesta quinta-feira (6/7)
atualizado
Compartilhar notícia
Pedro Paulo (Estevam Nabote) é um homem apaixonado por um Opala anos 1970 que herdou do pai. Mas ele descobre que existe muito mais que o Mozão, seu carro, quando resolve se tornar motorista de aplicativo para ajudar com as contas de casa e pagar uma dívida que faz com a mãe, Dona Nilda (Nany People). A história resume Um Dia Cinco Estrelas, nova comédia nacional que chega aos cinemas nesta quinta-feira (6/7), mas também se assemelha à vida de muitos brasileiros.
“[Com o] país em crise econômica [e a] questão de desemprego [em alta], muita gente voltou-se para essa profissão de motorista de aplicativo para prover [para] a família. Por que não contar a história de motoristas que passam o dia inteiro na rua, provavelmente com vários passageiros, cada um com uma história em particular? Todo mundo tem uma história de confusão ou divertida com algum motorista”, avalia o diretor Hsu Chien.
Além disso, a trama trabalha também a identificação do público e oferece o que pode ser um novo formato para a comédia daqui para a frente.
“Acho que a comédia está se moldando de novo e que o filme vai trazer essa coisa do humor sem bater em alguma coisa, sem excluir alguém, incluindo todo mundo. Já foi o período de fazer rir apontando para os outros, vai chegar a parte da comédia de identificação. Vale muito mais o riso pela identificação, do que o riso pela ofensa. E acho que um filme que retrata essa comédia família vai ser muito importante para os dias atuais”, avalia Estevam Nabote, protagonista do longa.
Embora o longa não tenha uma crítica direta, Hsu explica que ele é feito com base nos “dramas e tragédias” que vivenciamos, principalmente na história recente do país.
[A próxima parte contém spoilers]
“Quando Ricky Hiraoka e Cris Wersom escreveram o roteiro, a gente ainda vivenciava um governo de direita, então eles quiseram trazer frases que viraram meme nessa pauta para o projeto. Um exemplo é a frase ‘A gente sabe muito bem como é um cidadão de bem nesse país’, [que] acabou virando um meme, o público se identifica e se torna uma crítica social”, avalia.
Amor de mãe ou superproteção?
Outra discussão que pode ser levantada a partir do filme é sobre os limites da relação de mãe e filho. Na trama, Dona Nilda mostra que está sempre presente e disposta a sacrificar tudo pelo filho, que é casado e pai. Mas, mesmo com algumas alfinetadas da matriarca e da esposa, Manuela (Aline Campos), Pedro Paulo resiste bastante a deixar o papel de menino e se tornar “o homem da casa”.
Intérprete de uma das personagens que cruzam o caminho do protagonista, Danielle Winits avalia que “toda mãe facilitadora vai criar um homem problemático”. A atriz destaca que um filho é sempre um novo amor na vida da mulher, mas é preciso “saber o lugar de cada um e respeitar o lugar do filho”.
Aline Campos também pontua a importância de criar filhos para se relacionar com outras pessoas. Mãe de um menino de 12 anos, ela conta que ainda o vê como um bebê, mas sabe que isso precisa mudar ao longo dos anos:
“Nós, mães de homens, temos que tomar muito cuidado e entender que nossos filhos têm que ser criados para a vida. E por mais que doa esse desprendimento, dar o melhor com relação a isso. Porque a gente cresce e tem que amadurecer junto com nossa experiência de vida.”