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“Transformou castigo em poesia”, diz diretor de O Colar de Coralina

Estrelado por Letícia Sabatella, filme brasiliense sobre infância da poetisa está em cartaz nos cinemas do Brasil

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1 de 1 filme-leticia-baile - Foto: Divulgação

Estrelado por Letícia Sabatella, no papel da mãe da poetisa, O Colar de Coralina é o segundo filme brasiliense sobre a escritora goiana a estrear no intervalo de um ano. Em dezembro de 2017, Renato Barbieri misturou ficção e documentário em Cora Coralina – Todas as Vidas. Em O Colar, o diretor Reginaldo Gontijo dramatiza fatos da infância da artista com uma adaptação do poema O Prato Azul-Pombinho. O longa está em cartaz nos cinemas do Brasil.

Autor dos documentários O Mar de Mário (2010), sobre Mário Peixoto, diretor do clássico Limite (1931), e Eudoro e o Logos Heráclito (2012), coassinado por Luiz Fernando Suffiati, Gontijo usou Brasília e Goiás Velho para as gravações. Na antiga capital do estado vizinho, filmou no Museu Casa de Cora Coralina. Mas locações como a cozinha da poetisa, por exemplo, foram reconstruídas em estúdio na capital federal.

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Detalhe da reprodução do prato chinês feito para o filme: arte de João Angelini
Cora vivia numa casa de família com oito mulheres
Pôster de O Colar de Coralina
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Aninha (Rebeca Vasconcelos), apelido de Cora Coralina na infância

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Detalhe da reprodução do prato chinês feito para o filme: arte de João Angelini

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Cora vivia numa casa de família com oito mulheres

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Pôster de O Colar de Coralina

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“Esse poema é longo, quase um roteiro. Narra todo um episódio de família. Cora é uma mulher que vai superando dificuldades, transformando tudo em poesia, numa atitude de amor. Hoje a Cora é uma das poetas brasileiras mais vendidas. Curiosamente, só começou a publicar com 75 anos”, destaca o cineasta, de 58.

Apaixonada por histórias, Aninha, como era apelidada Cora na infância, morava numa casa com outras oito mulheres. Costumava ouvir da bisavó passagens sobre a princesa Lui e seu namorado plebeu. Esse romance estava estampado no último prato de um jogo de porcelana chinesa pertencente à matriarca. Um dia, a louça apareceu quebrada. E a garota levou a culpa.

 

“Como ela adorava a história, chorava desesperadamente. Ninguém sabe quem quebrou. Mas ela foi castigada. Amarraram um caco no cordão de um colar para ela usar. Mas ela transformou aquele castigo, aquele machucado em poesia e algo lúdico. Quando brincava de amarelinha, o cordão balançava e machucava seu pescoço”, narra o diretor.

Na virada do século 19 para o 20, as crianças eram muito maltratadas. Havia uma tirania muito grande dos adultos para com os pequenos, principalmente no interior. Cora transcendeu essa mágoa. Uma lição de transcendência extraordinária. É um filme para toda a família, todos os públicos

Reginaldo Gontijo, diretor

Nascido em Medina (MG) e criado na região do Triângulo Mineiro, Gontijo veio para Brasília com 15 anos. Aos 18, visitou Goiás Velho pela primeira vez, na companhia de amigos. “Comprei um livrinho dela lá. Foi quando conheci esse poema. Ela já era muito popular. Não tive oportunidade de ter papo, mas senti a presença e fiquei próximo dela”, conta.

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