metropoles.com

Suspense “Para Minha Amada Morta” desliza no excesso de sugestão

A sessão de sexta (18/9) ainda trouxe os irregulares curtas “Cidade Nova” e “Copyleft”

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação
1 de 1 Divulgação - Foto: null

Confira as críticas dos filmes exibidos na sexta (18/9), terceira sessão da mostra competitiva do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A competição segue até segunda (21/9) e os vencedores serão divulgados na terça (22/9). Acompanhe flashes das noites do evento em nosso site, a partir das 20h30.

“Para Minha Amada Morta” (PR, 113min), de Aly Muritiba
O primeiro longa (foto no alto) de Aly Muritiba é todo construído por meio da sugestão. Fernando, vivido por Fernando Alves Pinto, trabalha como fotógrafo para a Polícia Civil. Todas as noites, ele coloca o filho pequeno para dormir e revive a presença da esposa morta através de seus vestidos e sapatos. Essa obsessão se agrava quando ele descobre uma série de sextapes em VHS da mulher. Atento aos detalhes, investiga as imagens para descobrir a identidade do homem com quem ela o traía.

Até certo momento, o filme se desenvolve como um thriller procedural à la, por exemplo, “Garota Exemplar” ou o nacional “O Lobo Atrás da Porta”: o suspense se infiltra na história por meio de ações comedidas, como uma sorrateira perseguição a pé a Salvador, o amante. Mas essa constante dependência da sugestão ergue arestas que embrutecem a história por meio do excesso de estilização.

Dois planos longos ilustram bem esse desequilíbrio. Morando na casa dos fundos de Salvador, um homem da periferia, evangélico e casado e com duas filhas, Fernando certa noite chama o novo “amigo” para conversar. Com uma pá na mão, tem-se a impressão de que, a qualquer momento, ele irá golpear Salvador. Em vez disso, ele fere o chão, retirando entulho.

Em outro momento, os dois se reúnem na cozinha após um acidente que matou o cachorro de Salvador. O proprietário da casa descobriu uma pistola nos pertences do inquilino. Fernando pega uma faca e… descasca uma laranja. Some essas cenas bonitas e ocas, em que a sugestão é confundida com superexposição, com as frequentes investidas falsas do fotógrafo junto à esposa e à filha adolescente de Salvador. O resultado é um suspense tão envolvente quanto implausível.

Avaliação: Regular

Os curtas da sexta (18/9)

Divulgação“Cidade Nova” (CE/DF, 14min), de Diogo Hoefel
O brasiliense João Campos interpreta aqui um personagem mui conhecido de filmes de festival: o homem oprimido pela cidade em que vive. Em “Cidade Nova”, essa angústia é tratada com pouquíssima imaginação visual, numa tentativa de suprir a falta de falas por meio de passagens aparentemente “sensoriais”.

Ele chega uma cidade no interior do Ceará, tenta se aproveitar da recepcionista da pousada onde está hospedado e bebe até tarde, sentado na calçada. Outro lugar-comum é a já esperada catarse durante uma cena sob o chuveiro. “Cidade Nova” quer ser tão sutil que acaba emperrado pela simples falta de presença.

Avaliação: Ruim

Divulgação“Copyleft” (MG, 29min), de Rodrigo Carneiro
Incensado pela manifestação do diretor antes da sessão, num protesto inflamado contra a homofobia e a intolerância, “Copyleft” funciona como uma espécie de manifesto sobre a necessidade do desbunde. É uma ficção científica minimalista, em que um jovem se vê reprimido por uma sociedade heteronormativa e severa quanto aos limites da sexualidade.

“Copyleft” passa a, então, registrar Pedro cometendo uma série de atos violentos contra o próprio corpo, numa tentativa de mortificar sua verdadeira identidade. Apesar da atualidade do discurso, que não teme enquadrar essa angústia por meio de cenas chocantes e explícitas, Carneiro desbrava a intimidade do personagem de maneira um tanto obtusa. O roteiro verborrágico e a montagem esquizofrênica se interpõem entre o filme e seu posicionamento libertário.

Avaliação: Regular

Fotos: Divulgação

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?