Saiba qual deve ser o destino do acervo do cineasta Vladimir Carvalho
O cineasta Vladimir Carvalho, um dos maiores nomes do cinema nacional, morreu nesta quarta-feira (24/10), em Brasília
atualizado
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A morte de Vladimir Carvalho, nesta quinta-feira (24/10), aos 89 anos, reacende um debate sobre a preservação da memória no Brasil. O cineasta acumulou ao longo de sua trajetória um grande acervo sobre o cinema nacional, e boa parte desse material, como livros, originais e equipamentos de projeção, segue sem destino.
Em vida, Vladimir deixou claro que seu desejo era a preservação do material. Boa parte do acervo está no Cinememória de Brasília, na W3 Sul. No entanto, por ser área residencial, o espaço não pode receber outro tipo de atividade, o que impossibilita a transformação em um museu, para que o legado do cineasta possa ser visitado com mais frequência.
“Sua última missão, como ele mesmo descreveu, era a busca por um espaço que abrigasse seu acervo, o famoso Cinememória”, avalia o cineasta e pesquisador Lino Meireles. Em setembro deste ano, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) junto com a Universidade Federal de Tocantins (UFT) realizaram um levantamento sobre a coleção do cineasta.
O acervo registrado pelo Iphan reúne mais de 5 mil livros, equipamentos de projeção cinematográfica, fotos, roteiros e cartazes de filmes, além de contar com materiais de grande relevância histórica, como cartas e roteiros originais de cineastas renomados, incluindo Mário Peixoto, Glauber Rocha, Walter Salles e um argumento inédito do escritor Ariano Suassuna.
O levantamento também destacou a coleção de obras de arte de artistas como Emanuel Araújo, Siron Franco, Amílcar de Castro e Carlos Bracher, além de uma ampla biblioteca que abrange temas sobre cinema, arte, cultura, política e literatura.
Dentro do meio cultural de Brasília, há o desejo de criação de uma Cinemateca, que abrigue o acervo de Vladimir e outros elementos históricos do cinema brasiliense.
“Já há um diálogo em curso, envolvendo o Iphan, a Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura, a Fundação Banco do Brasil e o Centro Cultural Banco do Brasil, para que, quem sabe, a gente estabeleça uma nova sede para o Cinememória e uma possível extensão da Cinemateca Brasileira. Nosso objetivo é democratizar o acesso da população a esse acervo, o que representa o maior desafio e, ao mesmo tempo, a parte mais importante, que é a conexão do povo com isso tudo”, afirmou Leandro Grass, presidente do Iphan.