Roteirista queer, Gautier Lee leva representatividade para cinema e TV
Formada em cinema e especializada em roteiros, a artista queer negra trabalha em produções para os principais streamings do país
atualizado
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“É muito difícil quebrar essa primeira barreira e entrar no mercado.” A fala da cineasta e roteirista Gautier Lee define a experiência de muitas pessoas que trabalham no mercado audiovisual ou tentam entrar nesse ramo. Mas, para ela, essa entrada foi um pouco mais fácil e hoje ela faz parte da equipe de roteiro das segundas temporadas de De Volta Aos 15, da Netflix, e Auto Posto, do Comedy Central. Além disso, conquistou o Prêmio Abraço de Excelência em Roteiro deste ano.
Formada em cinema pela PUC-RS, Gautier conquistou o prêmio Cabíria de Melhor Piloto de Série em 2019 e considera que essa foi a virada de chave da carreira. “Depois disso veio o primeiro convite para participar de uma sala de roteiro. Era uma série de animação infantil. Então virou uma bola de neve positiva, em que uma sala chamou a outra”, explicou.
Além de ter terminado as novas temporadas de Auto Posto e De Volta Aos 15, ela adianta que participou do roteiro de outros dois produtos de streamings. Um da Globoplay e outro da Amazon, ambos em produção com lançamento previsto para 2023.
Representatividade e conquistas
O caminho de Gautier também foi bom em outros sentidos. “Tive muita sorte na minha caminhada, porque encontrei muitas pessoas que me deram apoio e me acolheram”, lembra ela, que é uma pessoa não binária e negra dentro de um mercado que ela define como “machista, racista e transfóbico”.
A roteirista conta que a criação de um coletivo de profissionais negros do audiovisual no Rio Grande do Sul também mudou a carreira dela. “Criar o Macumba Lab foi muito importante para mim. Foi uma chance de me conectar com outros negros do audiovisual, para a gente se acolher, fazer trabalhos juntos. Pessoas negras estão se encontrando e apoiando.”
Ela exemplifica ainda os resultados dessa conexão com o projeto Samba Às Avessas, de Pâmela Amaro, no qual ela foi diretora. “Era uma equipe onde mais de 90% das pessoas eram negras. Fui convidada para dirigir e amei o convite”, destaca.
No papel de diretora, Gautier também tira do papel alguns projetos. Em 2021 ela lançou o curta Desvirtude, que conquistou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Montagem e Melhor Atriz no Festival de Gramado.
Mas a roteirista ainda tem o próprio festival de cinema. Ela é diretora-geral do Fade to Black, que busca descobrir, divulgar e premiar produtos audiovisuais criados por pessoas negras. “Comecei em um concurso de roteiros e agora tenho um concurso de roteiros. É bom estar dos dois lados. Hoje eu vivo de audiovisual.”