Quase tudo do Tarantino está na Netflix: veja lista do melhor ao pior
Sete dos oito filmes do cultuado diretor, incluindo o recente “Os Oito Odiados”, estão disponíveis no serviço de streaming
atualizado
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Defensor dos filmes em película, pessimista em relação ao digital e um dos mais queridos diretores de sua geração. Aos 53 anos, Quentin Tarantino se diz perto da aposentadoria, mas ainda é capaz de chocar e entreter a cada lançamento. Agora que quase todos os seus filmes estão disponíveis na Netflix – à exceção de “À Prova de Morte” (2007) –, mais popular serviço de streaming, o Metrópoles faz uma breve retrospectiva de seus oito longas-metragens. De “Cães de Aluguel” (1992) a “Os Oito Odiados”.
Tarantino planeja abandonar o cinema após a marca redonda de 10 títulos e, quem sabe, como declarou em entrevista recente, filmar uma outra história quando fizer 75 anos. Durante a divulgação de “Os Oito Odiados”, no começo do ano, ele disse que o compromisso com a carreira o impediu de ter mulher ou filhos. Até por isso, parece ambicionar uma velhice simples, escrevendo livros.Se o desejo de se aposentar é autêntico ou puro charme, só o décimo filme dirá.
Enquanto ele não chega, relembre a carreira de Tarantino em seus oito filmes, do melhor ao pior:
Obs: note que a lista abaixo reúne nove títulos. É que o diretor considera as duas partes de “Kill Bill” um filme só
“Jackie Brown” (1997)
Renegado por alguns fãs, o blaxploitation de Tarantino mostra o diretor em sua forma mais intuitiva. Uma clara tentativa de reler o cinema dos anos 1970. Após o frenesi de “Pulp Fiction”, ele parece interessado em contar uma história de crime com a cadência e a leveza de um romance.
“Kill Bill – Volume 2” (2004)
Com uma narrativa mais dilatada e contemplativa do que a do primeiro filme, a saga de vingança assume o ar de um faroeste dos mais absurdos: clima noir e elementos de aventuras de samurai transformam a jornada da Noiva em uma brilhante implosão de gêneros de cinema.
“À Prova de Morte” (2007)
A década mais cara a Tarantino é, obviamente, a de 1970. Aqui, o diretor transcende a simples homenagem ao cinema grindhouse daquela época. Ele assimila filmes como “Faster, Pussycat! Kill! Kill!” (1965) para fabricar um apurado exercício de estilo.
“Pulp Fiction – Tempo de Violência” (1994)
A obra mais popular de Tarantino permanece como um produto que conseguiu se descolar da época para se tornar um exemplar-modelo do cinema contemporâneo. Em certa medida, “Pulp Fiction” se elevou a um status tão canônico quanto o de “Cidadão Kane” (1941) e “O Poderoso Chefão” (1972).
“Os Oito Odiados” (2015)
As tensões sociais e raciais dos Estados Unidos pós-Guerra Civil são filmadas por Tarantino com uma urgência inacreditável: é como se o conflito, de jeitos sutis, continuasse em curso, lá e no resto do mundo. Um sorrateiro filme de terror sobre/para tempos hostis.
“Kill Bill – Volume 1” (2003)
Certamente o filme mais ambicioso e, digamos, tarantinesco, sob risco de vulgarizar o neologismo. O primeiro “Kill Bill” opera uma compilação de tudo que o diretor já quis algum dia colocar num longa: espadachins, corações partidos, traições e vingança interminável. A violência como a expressão máxima do cinema.
“Bastardos Inglórios” (2009)
Tarantino é um diretor apegado a imagens que mais parecem ícones: fabulações visuais que carregam uma intensa consciência histórica – da trajetória humana e do próprio cinema. Ao criar seu filme bélico, ele também retrabalha a Segunda Guerra Mundial à sua maneira – a ponto de assassinar Hitler no interior de um cinema em chamas.
“Cães de Aluguel” (1992)
Neste exercício contido em torno da tradição noir, Tarantino estabeleceu algumas das bases de seu estilo, como a verborragia literária e a frontalidade das cenas de violência. Está longe de ser um trabalho ruim ou sequer mediano, mas parece superado na comparação com outros longas.
“Django Livre” (2012)
A releitura da escravidão deu sequência à remodelagem histórica vista em “Bastardos Inglórios”. Mas, pela primeira vez na carreira, Tarantino soou ensimesmado e autorreferencial: um choque entre a fábula de vingança e a pretensa reforma do faroeste.