Protesto contra filmes de “direita” faz Cine PE ser adiado
Sete diretores pediram a retirada das obras. Nova data do evento, previsto para 23 de maio, não foi divulgada
atualizado
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O festival Cine PE, um dos mais tradicionais do circuito cinematográfico brasileiro, não vai ocorrer em 23 de maio, conforme tinha sido anunciado. O adiamento ocorreu por conta de uma crise entre os diretores participantes da 21ª edição. Sete realizadores pediram para que suas obras fossem retiradas porque dois filmes considerados de direita estavam na seleção. A nova data ainda não foi divulgada.
Na última quarta-feira (10/5), sete cineastas pediram a retirada dos filmes. Em um manifesto, alegaram a existência de um “discurso partidário alinhado à direita”. As produções questionadas são o documentário “O Jardim das Aflições”, sobre o filósofo conservador Olavo de Carvalho, e a ficção “Real — O Plano por Trás da História”, que aborda a criação do Plano Real.
A intenção dos diretores é exibir os filmes retirados do evento de forma independente, em um cineclube de Recife. Arthur Leite, realizador do curta Abissal, disse a Folha de S. Paulo que o protesto é uma reação à curadoria do Cine PE.
“Sei que o festival tem todo o direito, democrático inclusive, de selecionar as obras que quiser. (Mas) não quero meu nome e meu filme associados a essas produções neste momento tão anormal e sensível que vivemos”, declarou Leite.
Por meio de nota, o Cine PE negou qualquer tipo de interferência política na curadoria. “Jamais houve quaisquer formas de politização das programações. (O evento) se pautou em mostrar tendências, linguagens, estéticas e ideologias da forma mais coerente possível.”
Por meio das redes sociais, Josias Teófilo, diretor de “O Jardim das Aflições”, expressou indignação pelo boicote.
O manifesto é assinado pelos diretores dos filmes: “Abissal” (CE), “A Menina Só” (SC), “Baunilha” (PE), “Iluminadas” (PE), “Não me Prometa Nada” (RJ), “O Silêncio da Noite É que Tem Sido Testemunha das Minhas Amarguras” (PE) e “Vênus: Filó, a Fadinha Lésbica (MG)”. Críticos de cinema também são signatários do documento.