Prestes a lançar novo filme, Belmonte dá curso de roteiro em Brasília
Um mês antes de lançar “Entre Idas e Vindas” (estreia em 21 de julho), o diretor visita a cidade para dar curso de cinema no Espaço Cult, de 20 a 25 de junho
atualizado
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Se existe um diretor de cinema brasiliense que chegou lá, seu nome é José Eduardo Belmonte, de 46 anos. Nascido em São Paulo, mas criado, desde os três, nas arborizadas quadras 114 Sul e 216 Sul, o diretor de “Alemão” (quase 1 milhão de espectadores) volta à capital prestes a lançar seu novo longa-metragem, “Entre Idas e Vindas” (estreia em 21 de julho). Entre os dias 20 e 25 de junho, ele dá curso de roteiro no Espaço Cult (215 Sul).
Um road movie, “Entre Idas e Vindas” conta com um quarteto supercool de mulheres: Ingrid Guimarães, Rosane Mulholland, Alice Braga e Carol Abras. Elas partem em uma viagem de motorhome e “resgatam” no meio do caminho um pai e seu garoto perdidos na estrada, personagens vividos por Fábio Assunção e seu filho verdadeiro de 10 anos, João.
Atualmente, Belmonte divide seu tempo entre Rio e São Paulo e filma a versão televisiva para “Carcereiros”, o livro do médico Drauzio Varella.
De volta às superquadras do Plano Piloto, o autor de “A Concepção”, “Meu Mundo em Perigo” e “Gorila” espera passar à nova geração um pouco de sua experiência de escrever para a telona. “Para escrever um roteiro são necessárias três coisas: grande sensibilidade, senso estético apurado e gostar muito de filmes”, decreta.
Você se considera um “cineasta de Brasília”? O que seria isso?
Sim, me considero. Apesar de Brasília não ter um cinema “seu”, organizado, como Pernambuco, por exemplo, eu carrego Brasília onde for. A cidade me marcou e vai comigo para todos os lugares. Até “Alemão”, que é um filme carioca, tem isso. Aqui, a relação entre o espaço e o indivíduo, entre o gregário e a arquitetura monumental está muito forte na personalidade das pessoas. Esse espaço se confunde com o meu espaço emocional.
Recentemente, outro cineasta do Distrito Federal, Adirley Queirós, conquistou relevância nacional com seus filmes de periferia. O que acha dele?
Gosto do Adirley. Ele é importante, moderno e representa o que está fora do Plano Piloto, né? As outras cidades do DF. Esse trabalho de documentário ficcional dele é muito bom, se destaca no cenário nacional.
Você vem à capital para ensinar roteiros. Há demanda para esse tipo de trabalho hoje em dia?
Sim, muita na verdade. Precisamos de mais roteiristas. A produção audiovisual aumentou muito nos últimos anos e, na verdade, são sempre os mesmos que escrevem os roteiros. O problema é que aqui não há o ensino sistematizado, como em outros países. No Brasil há muito essa ideia de a arte ser um negócio instintivo.
Quem é mais talhado para ser roteirista? O que é preciso para sê-lo?
Hoje, no Brasil, os roteiristas são, em sua maioria, os próprios cineastas. É raro ter alguém de fora. Para ser um bom roteirista, são necessárias três coisas: grande sensibilidade, ter um senso estético apurado e gostar muito de filmes.
Pode citar cinco filmes e cinco séries de TV com roteiros inspiradores, para quem quer começar?
Os filmes, eu diria: “Magnólia” (dirigido por Paul Thomas Anderson), “A Testemunha” (Peter Weir), “A Malvada” (Joseph L. Mankiewicz), “Nove Rainhas” (Fabian Bielinsky), e “Johnny Vai à Guerra” (Dalton Trumbo). Já as séries: “House of Cards” (primeira temporada), “Homeland” (primeira temporada), “Black Mirror”, “Mad Men” e “Mr. Robot”.
Workshop de roteiro para cinema – José Eduardo Belmonte
Segunda (20/6) a sexta (24/6), 19h às 22h, e sábado (25/6), 9h às 12h, no Espaço Cult (215 Sul, bloco B, loja 3, 3321-6665 e 9961-2534). R$ 490 (à vista) ou R$ 540 (3x no cheque ou cartão).