Por que “Mad Max – Estrada da Fúria” foi o filme mais elogiado de 2015?
As ótimas sequências de ação e o protagonismo feminino renderam comentários durante o ano inteiro. Reunimos cinco razões para amar um dos títulos mais inventivos da temporada
atualizado
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Lançado sob alguma desconfiança em maio, “Mad Max – Estrada da Fúria” carregava o peso de não ter Mel Gibson, rosto da franquia nos anos 1980, como protagonista. Quando o filme de fato chegou às telas, desarmou a maioria dos cínicos e conquistou facilmente cinéfilos, fãs de blockbusters e críticos de cinema.
Listamos cinco motivos que explicam por que o filme foi um dos títulos mais adorados, comentados e elogiados de 2015:
O protagonismo feminino
Vários filmes e séries de TV quebraram ranços machistas durante a temporada: do drama alemão pós-Segunda Guerra “Phoenix” ao melodrama “Carol”, favorito no Globo de Ouro e previsto para estrear no Brasil em 14/1, passando até por “House of Cards”. Em resumo: as mulheres dominaram a narrativa de ficção em 2015.
No papel da Imperatriz Furiosa, Charlize Theron trouxe questões de vulto (como a violência contra a mulher e o respeito ao corpo feminino) para um filme de ação (gênero marcadamente masculino) caro (orçado em US$ 150 milhões) e com toda uma mitologia interna a obedecer, além da missão de resgatar uma franquia que parou em 1985.
Enquanto o fugitivo Max (Tom Hardy) mal sabe murmurar o próprio nome, Furiosa lidera um grupo de mulheres, todas esposas exploradas por uma figura autoritária, como se estivesse à frente de um exército. O alvo: o patriarcado masculino.
A narrativa incansável
George Miller vinha se dedicando a projetos um tanto desanimadores para os fãs de filmes de ação. Seus dois últimos trabalhos foram as animações “Happy Feet” (2006), vencedora do Oscar, e a sequência “Happy Feet 2 – O Pinguim” (2011). Mesmo assim, ele não perdeu a mão.
Com diálogos curtos e pouquíssimas cenas expositivas, “Estrada da Fúria” exibe uma narrativa preocupada em levar a história adiante da maneira mais ágil e empolgante possível. É um filme de puro entretenimento, completamente imerso em seus procedimentos internos: personagens histriônicos e alucinados, pós-apocalipse saído de uma letra de heavy metal, veículos de guerra pontiagudos – e um sujeito tocando um guitarra elétrica flamejante durante uma perseguição.
Lembra os filmes de ação de décadas anteriores…
A fábula hiperativa administrada por Miller em “Estrada da Fúria” filia-se a insanos filmes de ação lançados na década de 1990 e 2000. O sinônimo mais óbvio é “Velocidade Máxima” (1994), em que um ônibus-bomba atravessa as avenidas de Los Angeles. Exemplo à parte, três verdadeiros mestres do gênero rodaram grandes títulos no passado recente.
A composição espacial lembra a rigidez formal de John McTiernan, autor de “Duro de Matar – A Vingança” (1995), uma sequência tão inventiva quanto o original, “Duro de Matar” (1988). O bom uso da censura rated R (recomendada para acima de 16 anos) e o subtexto político também marcaram as ficções científicas de Paul Verhoeven, autor de “Vingador do Futuro” (1990) e “Tropas Estelares” (1997).
A aproximação mais contemporânea se dá pela memorável trajetória de Tony Scott nos anos 2000. Morto em 2012, o diretor de “Top Gun” (1986) releu o cinema de ação com uma série de trabalhos delirantes, como “Chamas da Vingança” (2004) e o psicodélico “Domino – A Caçadora de Recompensas” (2005).
… e não lembra em nada as atuais aventuras de super-herói
A fórmula já é bem manjada. Enquanto as adaptações da Marvel se valem de autoironia e piadinhas internas, os títulos da DC registram um realismo sisudo, obtuso e careta. E as duas grifes mostram suas novidades sob a proteção de classificações indicativas acessíveis a todas as idades – e a todos os bolsos.
O novo “Mad Max” foge dessas armadilhas, esbanjando um temperamento de filme de fantasia: nada aqui – mesmo a verve feminista – soa derivativo do mundo real ou gratuitamente metafórico. Nesse sentido, é até um produto de ação que se leva a sério – no sentido mais cinematográfico da expressão.
A trilha sonora
Compositor do momento na indústria de trilhas sonoras, Junkie XL (alcunha do produtor Tom Holkenborg) misturou orquestração com riffs de guitarra e programação eletrônica na música de “Mad Max”.
É o complemento perfeito para uma narrativa que se recusa a entregar momentos de respiro. Espera-se que o holandês também apronte em seus próximos compromissos – “Deadpool” e a parceria com o experiente Hans Zimmer em “Batman vs. Superman – A Origem da Justiça”.