“Pequeno Segredo”, representante brasileiro ao Oscar, sofre rejeição
Escolhido nesta segunda (12/9) para representar o país, filme de David Schurmann já é alvo de comentários negativos e piadas antes mesmo de estrear
atualizado
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Selecionado nesta segunda (12/9) para representar o Brasil na disputa por vaga no Oscar 2017, “Pequeno Segredo” virou alvo de repercussão negativa nas horas após o anúncio. “Aquarius”, dirigido por Kleber Mendonça Filho e protagonizado por Sonia Braga, era apontado como um dos favoritos, mas foi preterido.
A principal controvérsia diz respeito a uma das regras do processo: o longa-metragem precisa ter sido lançado no país até 30 de setembro para ser considerado elegível. No Facebook oficial e no trailer, a data de estreia é em 10 de novembro.Mas na própria rede social os responsáveis informaram aos leitores que “Pequeno Segredo” estreia até o fim de setembro.
Inspirado na família Schurmann, conhecida por viajar pelo planeta a bordo de um veleiro, o filme acompanha a história da garota Kat, morta em 2006 por complicações causadas pela Aids. Kat era filha de Heloisa e Vilfredo, pais de David Schurmann, diretor do filme. Júlia Lemmertz, Marcello Antony e Maria Flor são alguns dos nomes do elenco.
Comentários negativos e piadas
Antes mesmo da estreia, “Pequeno Segredo” se tornou alvo preferencial de leitores que defendiam a candidatura de “Aquarius” ou questionavam a escolha do longa de Schurmann. Usuários e administradores da página do filme no Facebook entraram em rota de colisão.
Um dia antes da decisão, a página de “Segredo” divulgou uma enquete do site “Adoro Cinema”. Por votação popular, os participantes poderiam escolher qual filme brasileiro deveria representar o país no Oscar. O post também gerou ruído.
Como de praxe na internet brasileira, também sobraram piadas e montagens envolvendo “Pequeno Segredo” e “Aquarius”, pivôs da polêmica em torno do representante nacional para o Oscar 2017.
Reação de cineastas
Pelo Facebook, Kleber Mendonça Filho se manifestou sobre a escolha de “Pequeno Segredo”. De maneira sutil, criticou a gestão do presidente Michel Temer e o Ministério da Cultura, chefiado por Marcelo Calero.
“É bem possível que a decisão da comissão esteja em total sintonia com a realidade política do Brasil, ou seja, é coerente e já esperada”, disse o diretor de “Aquarius”. Nesta semana, o filme cumpre temporada no Festival de Toronto, uma das principais vitrines pré-Oscar. O longa estreia nos Estados Unidos em 14 de outubro.
A cineasta Anna Muylaert, que retirou “Mãe Só Há Uma” da seleção pré-Oscar, também comentou a polêmica e mostrou preocupação com o estado de coisas da cultura e do cinema brasileiro.
Polêmicas
Em Cannes, o diretor Kleber Mendonça Filho e equipe de “Aquarius” fizeram um protesto no tapete vermelho, levantando cartazes contra o então presidente interino Michel Temer. A manifestação também classificou o processo de impeachment de Dilma Rousseff como golpe.
O ato ganhou novo capítulo quando a comissão de seleção do Oscar foi anunciada. Um dos integrantes do grupo, Marcos Petrucelli, crítico da rádio “CBN”, questionou o protesto da equipe de “Aquarius” e condenou a ida dos envolvidos no filme ao festival com dinheiro público.
Em reação a Petrucelli, os cineastas Gabriel Mascaro, de “Boi Neon”, e Anna Muylaert, de “Mãe Só Há Uma”, retiraram seus respectivos filmes da disputa, alertando para uma possível imparcialidade da comissão.