Oscar 2020: força da Netflix pode premiar Democracia em Vertigem
A disputa do documentário de Petra Costa será com o favorito For Sama, Indústria Americana, também da Netflix, e outros dois filmes
atualizado
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A indicação do documentário Democracia em Vertigem, da diretora mineira Petra Costa, ao Oscar 2020 prova não só o incrível momento do cinema brasileiro. Se produções nacionais marcaram presença e faturaram prêmios nos principais festivais do mundo em 2019, como Cannes, Berlim, Sundance e Locarno, plataformas de streaming também têm remexido as bases da indústria de entretenimento.
No caso da Netflix, a presença cada vez mais forte no prêmio da Academia se iniciou justamente por títulos de não ficção, em 2014, com a nomeação de The Square. Dona de 24 indicações, a produtora de Democracia em Vertigem supera todos os estúdios de Hollywood no Oscar 2020. Tanto que um dos concorrentes de Vertigem é outro lançamento do canal de streaming: Indústria Americana, longa bancado pelo selo de Barack e Michelle Obama, Higher Ground Productions.
Os filmes “adversários” de Vertigem
A Disney, mesmo ajudada por títulos da Fox (Jojo Rabbit, Ford vs Ferrari), ficou atrás da Netflix, com 23 indicações. A Sony vem em seguida, somando 20. Um ano após emplacar sua primeira nomeação a melhor filme, com Roma (2018), o streaming colocou dois longas entre os nove postulantes à principal estatueta: O Irlandês e História de um Casamento.
Mesmo assim, talvez não seja dessa vez que a Netflix vença o troféu de melhor filme. Nas últimas semanas, O Irlandês, do veterano Martin Scorsese, vem perdendo espaço para Era uma Vez em Hollywood e 1917, ambos vencedores do Globo de Ouro de melhor musical ou comédia e drama. A pouco menos de um mês da abertura dos envelopes, em 9 de fevereiro, até a sensação sul-coreana Parasita parece ter mais chances de vitória nas categorias “de elite”, como direção, roteiro e montagem.
Netflix: soberania em documentários
O Irlandês e História de um Casamento têm mais chances de Oscar em categorias de atuação: Joe Pesci (coadjuvante) e Scarlett Johansson (principal). Apesar disso, será difícil um dos dois repetir o feito de Roma, vencedor em direção, montagem e fotografia – trinca do mexicano Alfonso Cuarón.
Enquanto a Academia ainda mostra alguma resistência à Netflix e sobretudo ao modelo de distribuição por streaming, sem tanta atenção à ampla distribuição em cinemas, o selo nada de braçada nas categorias de documentário.
Levando em consideração o Oscar 2020, a Netflix soma, ao todo, 53 indicações à estatueta. A primeira delas foi pelo documentário The Square, sobre os vultos da Primavera Árabe no Egito, em 2011. Quinze nomeações foram a melhor documentário (9) e curta de documentário (6). Dessas, três se converteram em prêmios: Os Capacetes Brancos (2017), Ícaro (2018) e Absorvendo o Tabu (2019).
Detalhe: a Netflix tem seis Oscars no total. Os outros três, como citamos acima, são de Cuarón/Roma.