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Oscar 2019: com Bohemian, Pantera e Gaga, premiação volta a ser pop

Trio de blockbusters coloca a seleção de oito postulantes ao prêmio principal como o de maior bilheteria desde 2011

atualizado

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1 de 1 page92 nasce uma estrela pantera negra bohemian rhapsody - Foto: Divulgação

Em 2019, o Oscar quer ser diferente dos anos anteriores. Pudera. Em 2018, a transmissão da entrega da estatueta registrou a pior audiência televisiva de todos os tempos: 26,5 milhões de pessoas acompanharam a abertura dos envelopes nos Estados Unidos.

Uma das principais novidades, a falta de mestre de cerimônia fixo, algo inédito desde 1989, aconteceu a fórceps. Nomes que já conduziram o troféu em edições passadas preferiram não retornar. Kevin Hart foi anunciado num dia de dezembro e desistiu 48 horas depois – ressurgiram tuítes dele com conteúdo homofóbico. Dwayne Johnson, o The Rock, revelou nesta semana ter sido “a primeira escolha” para apresentar o prêmio, mas também declinou.

Não é de agora que a premiação vive uma crise de público. Na lista das 10 piores audiências de todos os tempos, oito foram medidas ao longo dos últimos 16 anos. A Academia não premia um filme do top 10 de maiores bilheterias do ano desde O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, na cerimônia de 2004.

New Line Cinema/Divulgação
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003): último blockbuster a ganhar o Oscar, em 2004

 

Para a 91ª edição, a Academia procurou arejar a festa ao sugerir a criação da categoria de melhor filme popular. Acabou voltando atrás por causa da imensa repercussão negativa. Muita gente viu na novidade uma maneira de separar produções “artísticas” – dignas da estatueta – dos “arrasa-quarteirões” – quase sempre ignorados nas categorias de peso. Como se ser pop fosse um demérito.

Vale lembrar que, décadas atrás, era comum presenciar longas de grandes arrecadações indicados e abocanhando a estatueta. Nos anos 1970, por exemplo, todos os donos da principal categoria do Oscar figuraram entre as 10 maiores bilheterias da temporada, como Rocky (1976), O Poderoso Chefão (1972) e sua sequência, de 1974, e Kramer vs. Kramer (1979).

(Aqui, vale evitar um pouco falar em blockbusters do passado, já que o perfil de títulos de sucesso mudou drasticamente de uns anos para cá. Cinema pop, hoje, significa ultrapassar US$ 1 bilhão no mundo e franquias de filmes “seriados”, como super-heróis e universos com múltiplas histórias, versões e ramificações.)

Já que o infame prêmio de melhor filme popular ficou para depois – se é que algum dia a ideia irá mesmo se concretizar –, a Academia tratou de valorizar grandes lançamentos entre seus oito indicados a melhor filme.

Três deles podem se considerar genuínos blockbusters: Pantera Negra (US$ 1,346 bilhão), segunda maior bilheteria de 2018, Bohemian Rhapsody (US$ 833 milhões), sétima colocada na lista das 10 mais do ano passado, e a nova versão de Nasce uma Estrela (US$ 416 milhões).

Desde 2011, os postulantes a melhor filme, somados, não reuniam cifra tão vistosa nos EUA: US$ 1,261 bilhão. Obviamente, os três longas supracitados inflacionam a conta. Cada um à sua maneira representa uma tentativa da Academia de se reconectar com o público geral, não necessariamente cinéfilo ou atento à temporada de troféus.

Bohemian leva para a tela a história artística e pessoal de Freddie Mercury, certamente um dos artistas mais conhecidos do século 20. Embalado por trilha sonora infalível, o longa aposta num roteiro à la Wikipédia, fugindo de controvérsias, e carrega as credenciais de dois membros da banda Queen, Brian May e Roger Taylor, escalados como consultores criativos. Blockbuster ameno, mas globalmente comunicativo.

Pantera, por outro lado, segue na contramão: é o hit da diversidade. Consegue aliar uma franquia já estabelecida, o MCU (Universo Cinematográfico Marvel), à bem-vinda agenda de igualdade racial na indústria de entretenimento, da direção (Ryan Coogler, de Creed) ao estrelado elenco. Além do mais, diverte à beça e merece figurar entre os melhores títulos de super-herói dos últimos tempos.

Nasce uma Estrela é o típico “blockbuster adulto” que tem feito falta em Hollywood: um filme “pé no chão”, algo realista e tão trágico quanto romântico. Apesar de ser a quarta versão da trama, consegue trazer um verniz contemporâneo por meio de músicas cativantes e uma Lady Gaga inspiradíssima.

Nenhum dos três é favorito à estatueta principal. Mesmo assim, podem sair da cerimônia com vitórias importantes – Nasce uma Estrela em melhor canção (Shallow), Bohemian em melhor ator (Rami Malek) e Pantera em categorias técnicas, como trilha sonora. A ver o quanto esses sucessos das telonas farão o Oscar deixar de ser um fracasso de público na telinha.

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