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Ópera de Jorge Antunes sobre Olga vai ganhar as telas dos cinemas

O diretor uruguaio Carlos Del Pino trabalha na adaptação do espetáculo

atualizado

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Maestro Jorge Antunes
1 de 1 Maestro Jorge Antunes - Foto: Divulgação

Judia, alemã e casada com o líder do Partido Comunista no Brasil, Luís Carlos Prestes, Olga Benário foi deportada pelo governo de Getúlio Vargas para a Alemanha nazista, onde morreu, em 1942. Sua trágica trajetória foi contada, pioneiramente, pela ativista e amiga de adolescência, Ruth Werner, no livro Olga Benário, A História de Uma Mulher Corajosa.

Publicado em Berlim em 1961, a obra inspirou o maestro Jorge Antunes a compor, em 1997, ópera que teve estreia mundial em outubro de 2006, no Theatro Municipal de São Paulo. Agora, o produtor e cineasta Carlos Del Pino sonha em levar esse capítulo da história do Brasil para o cinema em forma de documentário dramatizado. O projeto, diga-se de passagem, é bem diferente do filme de Jayme Monjardim baseado no livro do jornalista Fernando Morais.

“Sempre gostei de música clássica”, comenta Carlos del Pino, uruguaio radicado no Brasil desde 1967. “Estou entrando em editais para poder concluir esse projeto”, conta o cineasta, que também está à cata de material de arquivo dos campos de concentração da Alemanha nazista e da Ditadura Vargas – além de cenas do Nordeste relacionadas ao cangaço, com as quais irá relacionar a passagem da Coluna Prestes pela região.

“A ideia é usar imagens de arquivo de Memórias do Cangaço [1964], do Paulo Gil Soares, documentário que mostra a perseguição a Prestes e seus homens no sertão”, acrescenta o cineasta. “É um filme onde está presente não apenas a narrativa histórica, mas o contexto estético em suas representações simbólicas”, observa. Del Pino teve a chance de trabalhar com Gil Soares em outros projetos.

Del Pino/Divulgação
Carlos Del Pino é o nome por trás da versão cinematográfica

 

Maestro garçom
O projeto é simples: pegar as filmagens gravadas com seis câmeras distribuídas durante as várias apresentações da ópera em 2006, posicionadas em ângulos diferentes, e dar tratamento cinematográfico. A narrativa intercalará momentos da montagem com fotografias, reportagens da época e trechos de cartas e depoimentos de Prestes que fizeram parte da mise-en-scène com cerca de 200 artistas.

“Filmamos a ópera ao vivo, foi uma longa negociação com o Theatro [Municipal de São Paulo]. Esse projeto, com tal formato, é raríssimo, ninguém fez isso até hoje, ou seja, unir uma montagem de música erudita contemporânea com cinema”, observa o diretor.

Uma das grandes novidades da adaptação da ópera de Jorge Antunes para o cinema deve ser a participação especial de Anita Leocádia Benário Prestes, filha de Olga e Carlos Prestes. Nascida num campo de concentração da Alemanha, em 1942, com 14 meses de vida ela foi entregue à avó paterna, após o fim do período de amamentação. Del Pino ainda não fez o convite, mas está confiante numa resposta positiva da historiadora.

“Pretendo encerrar o filme com Anita assistindo à ópera num flashback, ela se vendo como bebê arrancado dos braços de sua mãe pelos nazistas”, planeja o diretor, que sonha em transformar o longa numa minissérie depois do lançamento nos cinemas.

Outras novidades serão pequenos quadros ficcionais escritos pelo cineasta, que vão explorar, sem sensacionalismo, o lado psicológico da tragédia vivida por Olga e outros personagens desse período. Um deles, de dramaticidade pungente, é a recriação do percurso da personagem Olga, do campo de concentração até a câmara de gás. O outro, com pegada irreverente, contará com o maestro Jorge Antunes na pele de um garçom.

Não é a primeira vez que Del Pino e Jorge Antunes trabalham juntos. Em 2005, o cineasta realizou para o DOC-TV, da TV Brasil, o documentário Maestro Jorge Antunes – Polêmica e Modernidade.

“O Del Pino foi muito feliz na adaptação cinematográficas dessas minhas óperas. Então esse projeto dele baseado em Olga, certamente, se tornará um marco grandioso do cinema brasileiro”, vaticina Antunes.

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