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“O Abraço da Serpente” narra expedição pela Amazônia

Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, produção colombiana narra aventura de um explorador europeu em contato com um xamã

atualizado

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Andres Córdoba/Divulgação
O abraço da serpente filme
1 de 1 O abraço da serpente filme - Foto: Andres Córdoba/Divulgação

Dos cinco indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o colombiano “O Abraço da Serpente” deve ser o candidato com a maior torcida brasileira. E não apenas por ser nosso vizinho sul-americano, mas também pela temática épica que envolve a selva amazônica e sua flora exuberante cheia de personagens exóticos numa leitura contemplativa e reflexiva sobre o processo de colonização da região.

O ponto de partida do diretor Ciro Guerra foram os diários do etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg (Jan Bijvoet) e do botânico norte-americano Richard Evans Schultes (Brionne Davis). Entre os anos 1909 e 1940, em momentos diferentes de suas vidas, eles desceram o rio Amazonas numa jornada antropológica cheia de descobertas em busca de uma raridade local, a yakruna, planta com fortes poderes medicinais.

Em comum, os dois viajantes compartilharam os serviços de guia do nativo, Karamakate (Nilbio TTorres, na fase jovem, e Antonio Bolivar, o índio já maduro), único sobrevivente de ataque que dizimou sua tribo. “É a coisa mais correta que ouvi homem branco dizer”, ironiza ele, quando um dos exploradores lhe fala sobre a importância das plantas.

Violência dos barões da borracha e intolerância da Igreja
À medida que eles vão chafurdando na imensidão verde da selva, com a imponente floresta refletida, liricamente, nas águas do grande rio ou na translúcida luz do sol, marcas do processo civilizatório e da interferência do homem branco sobre a cultura indígena vão emergindo. Seja ela pela violência avarenta dos barões da borracha ou pela intolerância do açoite divino dos padres. São sombras de uma crueldade histórica bem sintetizada na metáfora do título.

“Os brancos são apegados às coisas”, reflete Kamarakate, protagonista dessa aventura construída por personagens míticos e erráticos.

Fosse os diários da dupla, Theodor e Richards Evans, submetidos ao processo hollywoodiano, essa aventura no “coração das trevas” se transformaria em qualquer bobagem divertida no estilo “Indiana Jones”. Mas filtrado pelo olhar sensível e pessoal do cineasta colombiano Ciro Guerra, ganha uma abordagem solene que é pura exaltação e defesa da cultura indígena e amazônica.

Amparado por fotografia preto em branca classuda e ritmo lento condizente com a proposta narrativa do filme, “O Abraço da Serpente”, de quebra, traz ainda referências ao cinema clássico e contemporâneo, citando sutilmente obras-primas como “Fitzcarraldo”, do mestre alemão Werner Herzog, e o filme português “Tabu”, de Miguel Gomes. Um elegante biscoito fino que só será deleitado com prazer pelos verdadeiros amantes do cinema.

Avaliação: Bom

Veja horários e salas de “O Abraço da Serpente”.

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