Novo filme de Vladimir Carvalho narra amizade de Cícero Dias e Picasso

Como costuma acontecer anualmente no calendário de cinema, o festival É Tudo Verdade sai de São Paulo e cumpre itinerância na capital. Oito títulos serão exibidos em quatro dias com entrada franca, entre quinta (5/5) e domingo (8/5), no Espaço Itaú (Shopping CasaPark). Para os brasilienses, o destaque é o inédito documentário “Cícero Dias, o Compadre de Picasso”, assinado pelo paraibano Vladimir Carvalho.

Aos 81 anos, o cineasta diz não ter mais “saco para esperar a burocracia” de editais públicos ou iniciativas privadas. Por isso, preferiu rodar o filme com orçamento do próprio bolso e a verve independente de sempre. “O documentário permite esse trânsito pelo próprio material. Então, pesquisei, filmei, editei, dirigi, tudo ao mesmo tempo”, conta.

Carvalho levou 10 anos até terminar “O Compadre de Picasso”. Amante das artes plásticas desde pequeno – o pai adorava desenhar e esculpir –, o cineasta começou o projeto da maneira mais espontânea possível.

 

Cícero Dias, Paris e Pablo Picasso
Em 2005, Ano do Brasil na França, ele e outros diretores foram convidados para exibir filmes em Paris. Carvalho estava encerrando “O Engenho de Zé Lins” (2007), sobre o escritor José Lins do Rego. Ainda no avião, leu numa revista que havia na cidade uma retrospectiva de Cícero Dias (1907-2003), o pintor recifense radicado em Paris. Na publicação, dizia-se que uma frase de Zé Lins estampava uma parte da mostra.

De um jeito relaxado, descompromissado, mas sempre curioso, Carvalho foi à exposição com objetivo de filmar a frase de Zé Lins. Lá chegando, passou em revista os quadros com a câmera e acabou topando com Raymonde, viúva de Dias, e a filha, Sylvia. “Fui convidado para o ateliê. Filmei tudo, entrevistei as duas. E o filme foi acontecendo. Acabei nem colocando a frase do Zé Lins no ‘Engenho'”, narra.

Carvalho deixou o material guardado e foi atrás de um outro projeto, o documentário “Rock Brasília – Era de Ouro” (2011). Ainda inquieto, reencontrou as filmagens sobre Dias em 2012 e foi adiante na pesquisa sobre a relação do artista com a capital francesa — onde se exilou durante a ditadura de Getúlio Vargas — e a amizade dele com o espanhol Pablo Picasso. “Às vezes, acontece de eu filmar algo porque desconfio que tem algo a ver com a minha afinidade”, explica o cineasta.

É Tudo Verdade
De 5/5 (quinta) a 8/5 (domingo), no Espaço Itaú de Cinema CasaPark (Shopping CasaPark, Via Epia, Guará). Entrada franca. A classificação indicativa varia de acordo com os filmes.

Programação completa:

Quinta (5/5)
20h30 – “Cícero Dias, o Compadre de Picasso” (79min, 14 anos)

Sexta (6/5)
16h30 – “Lampião da Esquina” (82min, 18 anos)
18h30 – “Cícero Dias, o Compadre de Picasso” (79min, 14 anos)
20h30 – “O Futebol” (70min, Livre)

Sábado (7/5)
16h30 – “Chicago Boys” (96min, 12 anos)
18h30 – “Gabi – A Criação de Gabriel García Márquez” (90min, 10 anos)
20h30 – “Um Caso de Família” (116min, 12 anos)

Domingo (8/5)
16h30 – “Os Campeões de Hitler” (102min, 12 anos)
18h30 – “Lampião da Esquina” (82min, 18 anos)
20h30 – “Atentados – As Faces do Terror” (95min, 16 anos)