Novo “Ben-Hur” estreia sob a sombra de um clássico. Saiba por quê
O filme que chega aos cinemas na quinta (18) é baseado no mesmo livro que deu origem a um dos maiores épicos da história, vencedor de 11 Oscars
atualizado
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Na próxima quinta-feira (18/8) chega aos cinemas uma nova versão de “Ben-Hur”, com direção do russo Timur Bekmambetov e o ator Jack Huston no papel-título. O filme enfrentará, com certeza, comparações com o “Ben-Hur” realizado por William Wyler em 1959. Um páreo duro para o longa de Bekmambetov.
Não importa quantas vezes você já assistiu ao clássico “Ben-Hur” porque, a cada sessão, é uma nova perspectiva nos corações e mentes do espectador. E mesmo que se deixe deslumbrar com a pirotecnia visual da nova versão, é bom lembrar que, quando fez o seu filmes, Wyler não contava com os recursos digitais que hoje facilitam a vida dos discípulos de Steven Spielberg.Refilmagem de filme mudo de 1925 estrelado pelo ator mexicano Ramon Navarro, a mítica e clássica adaptação de Wyler é até hoje festejada como o maior épico entre todos os épicos, vencedor de 11 estatuetas no Oscar. Muito do sucesso do filme está na mistura eficiente de aventura e reflexão religiosa nessa que talvez seja uma das mais poderosas histórias sobre vingança já realizada.
Poderoso contrariado
Importante aristocrata judeu na Palestina, Ben-Hur reencontra o amigo de infância Messala (Stephen Boyd), agora um arrogante centurião romano. Enfeitiçado pelo poder, ele tenta usar o companheiro do passado para tirar proveito em favor dos interesses de Roma na luta contra o avanço do cristianismo, mas falha. Indignado, Messala condena o amigo a remar pelo resto da vida nas galés romanas após falsa acusação de atentado contra o Estado.
“Você guarda muito ódio em seus olhos. Isso é bom, ajuda-o a manter-se vivo”, ensina o general da embarcação que ele ajuda a salvar após um náufrago.
Conheça algumas curiosidades deliciosas sobre esse que é um dos mais formidáveis filmes épicos de todos os tempos…
Aposta divina
O clássico “Ben-Hur”, assim como a nova versão, nasceu de romance publicado em 1880 por Lew Wallace, militar político ateu que lutou na Guerra Civil Americana. O livro foi escrito depois de uma aposta: o autor foi desafiado por um amigo a narrar uma história que provasse que Jesus não existiu e as escrituras sagradas eram balela. Ao pesquisar sobre o tema, Wallace mudou de ideia, fazendo de “Ben-Hur” um dos primeiros romances religiosos a desenvolver trama de ficção sobre a Bíblia.
Nem Burt Lancaster, Paul Newman, Brando ou Rock Hudson
Antes de Charlton Heston, o papel do judeu Ben-Hur foi oferecido para grandes astros da época. Jogador de basquete na adolescência e homem de circo, o atlético Burt Lancaster declinou do convite argumentando que, sendo ateu, não queria virar garoto propaganda do Cristianismo. Paul Newman desistiu da oferta desiludido com o fracasso retumbante de “O Cálice Sagrado” (1954). Rock Rudson quase ficou com o personagem, mas uma burocracia com a Universal o tirou do páreo. Marlon Brando, também foi convidado, mas nem se empolgou com a proposta.
Vilão formidável
O folclore que corre pelos bastidores da história do cinema é que Charlton Heston virou protagonista depois que o diretor William Wyler o escalou e se impressionou com sua atuação como vilão no formidável faroeste de 1958, “Da Terra Nascem os Homens”.
Insinuação homossexual
Um dos vários roteiristas não creditado da clássica história, o jornalista e escritor Gore Vidal sempre contava que uma das ideias originais da trama dada por ele era a de velada relação homossexual entre os amigos de infância Ben-Hur e Messala. Reza a lenda que Heston resistiu à sugestão gay nas entrelinhas, embora dissesse estar ciente do subtexto ao qual o ator Stephen Boyd dá ênfase especial na trama.
A inesquecível corrida de bigas
Desde o início, Wyler afirmou que a famosa corrida de bigas da versão de 1925 seria reproduzida na íntegra, embora concebida para ser mais impressionante visualmente. Feito conseguido com ajuda dos assistentes de direção, Andrew Marton e Yakima Canutt, responsáveis diretamente pelas filmagens. No filme, Heston está no meio da ação, mas o ator também tinha um dublê para a cena da corrida, o jovem Joe Canutt, filho de Yakima.
Números megalomaníacos
O sucesso trepidante de “Ben-Hur” nas bilheterias salvou o estúdio MGM da falência, então mau administrado com a morte do big boss, Louis B. Mayer. Rodado no estúdio Cinecittá, em Roma, o filme custou US$ 12,5 milhões de dólares, triplicando esse valor em seu faturamento. Durante as filmagens, foram usados mais de 200 camelos e 2,5 mil cavalos, além de cerca de 10 mil figurantes. Na cerimônia do Oscar, “Ben-Hur” levou 11 estatuetas (incluindo filme e diretor), recorde que manteve por quase 40 anos.