“Ms. Marvel está quebrando estereótipos de mulçumanos”, diz criadora
Sana Amanat também é paquistanesa-americana muçulmana. Metrópoles também conversou com os diretores Adil El Arbi e Bilall Fallah
atualizado
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Ms. Marvel estreou na Disney+ no início de junho deste ano, após uma adaptação da personagem dos quadrinhos para o audiovisual. Kamala Khan, o nome da super-heroína, escrevia diversos fanfics sobre heróis, quando ganha a habilidade de aproveitar a energia cósmica e criar formas a partir de uma pulseira mágica.
Por trás da série, estão Sana Amanat, a criadora da personagem, Adil El Arbi e Bilall Fallah, diretores da produção. Em uma conversa com o Metrópoles, os profissionais expressaram a importância de Ms. Marvel, que é uma americana-paquistanesa muçulmana, em um contexto de preconceito e intolerância.
Assim como a personagem, Amanat também é americana-paquistanesa e muçulmana. “Ela é incrivelmente importante. Acho que não houve uma série como essa antes, que destacasse uma jovem mulher que por acaso é muçulmana, sul-asiática, que tem superpoderes e destacou sua comunidade e sua família. E eu acho que é inovador dessa forma”, contou.
“Espero que seja, finalmente, um lugar que mostre que está quebrando estereótipos e estereótipos negativos dos muçulmanos. As pessoas têm certas percepções dos muçulmanos no mundo e nós só queríamos normalizar esta experiência. Nós queríamos nos inclinar para a alegria ao invés de fazer uma história mais escura”, expressou Sana Amanat.
Comunidade
A profissional contou que o processo de construção da personagem foi um desafio. “Eu pensei no que repercutiria, não apenas com uma história da Marvel, mas como uma história da comunidade de identidade. Ela tem sua própria insegurança e está tentando descobrir quem ela é. Esta ideia de ela olhar para os heróis e querer ser assim também é uma grande história sobre a experiência da minoria”, contou.
Sana Amanat também representa, nesta posição tão alta na Marvel, o sonho e a paixão de muitas mulheres pelas histórias de heróis. E ela relata que fica muito feliz e orgulhosa. “Quando comecei na Marvel, não havia filmes, mas, nos quadrinhos, tínhamos um título de líder feminino, X 23. Quando cheguei lá, ele foi cancelado e por isso não havia quadrinhos de líder feminino”, relatou.
“Eu queria ver personagens femininas. Eu queria me conectar com personagens que fossem semelhantes a mim. Então expandimos a quantidade de histórias em quadrinhos que tínhamos com personagens femininas. Tivemos novas personagens femininas, pessoas de cor. Isso realmente evoluiu. Ter uma personagem que é obviamente muito pessoal para mim, é realmente incrível. É histórico”, comemorou
Adil El Arbi e Bilall Fallah foram responsáveis por dirigir o primeiro e o último episódios de Ms. Marvel na Disney+. Como muçulmanos, os dois expressaram a importância de Kamala Khan: “Estamos também entre estes dois mundos onde crescemos, estando entre a Bélgica, a cultura ocidental e a cultura islâmica marroquina, e ter essa representação na tela é, creio eu, monumental para nós”.
Assim como Amanat, os dois comemoram a criação e o sucesso da heroína. “Esperamos que esta seja uma história especificamente sobre esta adolescente de Nova Jersey, mas que ainda chegue a todas as pessoas do mundo e que todos possam se relacionar com ela. E isso é, para mim, extremamente importante para ver que os primeiros super-heróis muçulmanos, penso eu, são históricos”, explicou Fallah.
Ao falar sobre dirigir uma série tão emblemática como essa, os diretores mostraram emoção: “Você tem pessoas que são muçulmanas, especialmente meninas muçulmanas em todo o mundo, que nunca pensaram que um dia veriam uma super-heroína que se parecesse com elas e, de repente, têm alguém para quem torcer, alguém para quem olhar, e ao mesmo tempo, é uma história universal”.
Quase simultaneamente a Ms. Marvel, Adil El Arbi e Bilall Fallah ganharam a oportunidade de dirigir BatGirl, da DC. “Fiquei superentusiasmado. Como a Ms. Marvel, nós tivemos muita experiência porque é a história da origem. A primeira vez que uma mulher se torna uma super-heroína. Neste caso, essa mulher tem um emprego e, então, ela entra na situação de ter que se tornar uma super-heroína. Criar esses novos personagens é uma honra extrema. E mal posso esperar para que as pessoas a vejam”, finalizou Arbi.