Minha Fama de Mau: “É o surgimento do rock no Brasil”, diz Chay Suede
Longa dirigido por Lui Farias traz Chay, Gabriel Leone e Malu Rodrigues nos papéis de Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Wanderléa
atualizado
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São Paulo (SP) – Mais nova cinebiografia musical brasileira, Minha Fama de Mau estreia nas telonas no dia 14 de fevereiro, narrando o surgimento da Jovem Guarda a partir da trajetória de Erasmo Carlos (vivido por Chay Suede). Gabriel Leone interpreta Roberto Carlos, melhor amigo do Tremendão, e Malu Rodrigues encarna Wanderléa, completando o trio mais popular do Brasil nos anos 1960.
Elenco e equipe do longa conversaram com os jornalistas nesta quarta (6/2), em coletiva de imprensa organizada em São Paulo, e detalharam os bastidores da produção.
Assinado pelo diretor Lui Farias, Minha Fama de Mau foi rodado em 2015 e só agora chega aos cinemas. “Eu era mais sarada”, brinca Bianca Comparato. A atriz vive múltiplas personagens femininas que participaram da vida de Erasmo, sobretudo Nara, esposa do roqueiro.
“Eu não tinha barba. Era o Chayzinho de 2015”, lembra o ator. “O Gabriel tinha buço loiro”, completou, zoando o colega.
A principal preocupação do elenco foi buscar uma voz própria e fugir de imitações dos artistas retratados.
“Esses caras são nossos ídolos. Acima de tudo, tem um tom de homenagem. Teve trabalho de pesquisar características, mas não de imitar”, explica Leone.
“A gente não tinha tanto material da época, muita coisa foi perdida ao longo do tempo. E isso acabou nos dando muita liberdade para retratar o universo daquela época e ir atrás das referências deles, o surgimento do rock no Brasil. O fato de a gente cantar foi abrindo certas portinhas para encontrarmos os personagens”, complementa Chay.
Gravar as músicas e a trilha sonora, por sinal, representou a primeira etapa do filme. Sugestão de Chay acatada por Farias e aprovada por Erasmo, que acompanhou as sessões de perto e se emocionou. O trabalho durou uma semana.
Com experiência em musicais, Malu Rodrigues conta que se sentiu à vontade na pele de Wanderléa. “Intepretar artistas vivos é muito difícil, porque a gente sempre quer aprovação deles. Ela estava sempre à frente do seu tempo”, detalha.
“Tudo que li sobre a Narinha tinha um amor muito elevado. Ele [Erasmo] fala dela como inspiração até hoje. As mulheres que vão aparecendo, é como se ele estivesse buscando uma só, que encontra no final. A gente não quis carregar muito nas caracterizações, mas manteve a Narinha em todas”, revela Bianca.
Musicais e comédias
Lui Farias enxerga Minha Fama de Mau como complemento aos filmes de seu pai, Roberto, morto em 2018. O veterano retratou o Rei em Ritmo de Aventura (1968), O Diamante Cor-de-Rosa (1970) e A 300 Quilômetros por Hora (1971). “É o quarto filme da trilogia. Um spin-off”, define.
“Como meu pai dizia, comédias e musicais são a verdadeira vocação do cinema brasileiro para com o público”, recorda o cineasta.
Segundo ele, que conhece Erasmo desde as filmagens de Cor-de-Rosa, o cantor aprovou de imediato a ideia de ver seu livro de memórias adaptado para cinema.
“Precisava que o Erasmo visse o filme para aprová-lo – ele, na verdade, queria ver no cinema comendo pipoca. Fiz uma sessão para ele. Terminou e ele disse ‘Pô, bicho, você me fotografou muito bonzinho’. Me deu total liberdade”, explica Farias.
No início, o diretor queria escalar o próprio Erasmo para narrar a história, “como uma espécie de Gandalf, um dinossauro do rock”. “Mas ele falou, ‘não, quero trabalhar não’”, diverte-se Farias ao lembrar das conversas com o Tremendão.
A escolha de Chay para o papel se deu de forma natural, ao ver uma foto do ator com Erasmo. “Eles tinham uma energia semelhante”, sintetiza.
Farias espera poder continuar a história de Erasmo numa nova trilogia. “Vamos fazer agora o Erasmo ‘mauzinho’”, sugere
O repórter viajou a convite da Paris Filmes