Leaving Neverland: o impacto do angustiante documentário sobre Jackson
O filme conta, em duas partes, as histórias de Wade Robson e James Safechuck, que acusam o astro de abuso sexual
atualizado
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“Não gosto de olhar para eles”, desabafa James Safechuck, ao experimentar um anel de noivado que não passa da parte inferior de sua unha. Em seu colo, uma caixa cheia de jóias presenteadas a ele pelo Rei do Pop, Michael Jackson, “em troca de favores sexuais”. Essa é a acusação do homem de 41 anos, em depoimento ao documentário Deixando Neverland (Leaving Neverland).
O filme conta as histórias de Wade Robson e James Safechuck e foi lançado no Brasil em duas partes. A produção chega ao país carregada de críticas dos fãs de Jackson. Afinal, o documentário explora o impacto do suposto abuso sexual sofrido pelos dois homens ao longo dos anos e expõe o lado sombrio do astro pop.
Ano passado, a Sony gastou US$ 250 milhões para manter os direitos autorais da música de Jackson pelos próximos sete anos. Até o momento, a companhia não se pronunciou sobre o filme.
Nos dias após o lançamento de Deixando Neverland, os números das faixas de Jackson sendo reproduzidas na rádio e em serviços de streaming foram pouco afetados. Nesta semana, o Spotify e Apple Music divulgaram que as canções solo dele acumularam 16 milhões de streams na semana depois da produção.
Esse número está exatamente no centro da variação média do cantor; entre 16 milhões e 17 milhões de streams. Enquanto isso, a playlist This Is Michael Jackson acumula mais de 1 milhão de seguidores.
A única consequência do documentário foi o Museu das Crianças de Indianápolis, que decidiu remover alguns artigos do cantor das exposições permanentes. Outro lugar que removeu as canções de Jackson foi o Staples Center, substituindo Beat It por Smells Like Teen Spirit, do Nirvana.
Impacto cultural
Muitas celebridades, como Ellen Degeneres, Molly Ringwald, Sia e Amanda Palmer, já se posicionaram em apoio a Safechuck e Robson. Por outro lado, T.I., Juice WRLD, Jason DeRulo e India.Arie adotaram tom de defesa a Jackson.
“Não escute apenas um lado e espere encontrar a verdade”, escreveu T.I. no Instagram. “Ah é mesmo… Os mortos não falam. Então qual é o propósito mesmo? Destruir outra forte, histórica lenda negra?”, completou.
The Lakers’ Air Band Cam getting fans to imitate Lance Stephenson’s air guitar featured Micheal Jackson’s “Beat It” as the musician accompaniment most of the season. Since “Leaving Neverland” aired, they’ve switched to Chuck Berry’s “Johnny B. Goode” and Nirvana pic.twitter.com/AlLxXOoNtZ
— Dave McMenamin (@mcten) March 10, 2019
Na televisão, os produtores de Os Simpsons decidiram remover um episódio de 1991, Stark Raving Dad, com Michael Jackson. Em entrevista ao Daily Beast, o ex-showrunner Al Jean sugeriu que o astro usou sua participação no show para propósitos nefastos: “Não era somente comédia, era algo usado como uma ferramenta… Acho que fazia parte do que ele usava para [condicionar] as crianças”.
No documentário, os dois homens negam uma intenção de destruir o legado do cantor. Eles alegam a vontade de inspirar outras vítimas de abuso sexual a contarem suas histórias.
A psicologia
O impacto cultural de Michael Jackson já havia sido consolidado há muito tempo. Como Nadia Wager escreveu em uma coluna na Newsweek, “historicamente, como uma sociedade, temos dificuldade de acreditar em acusações ou perceber sinais de que o abuso sexual de uma criança está acontecendo”.