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José Mojica Marins, o Zé do Caixão, morre aos 83 anos

Ator e diretor criou um dos grandes personagens do cinema de terror e foi um dos pioneiros do gênero no Brasil

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1 de 1 jose-mojica-marins-ze-do-caixao-Agliberto-Lima-AE - Foto: Agliberto Lima/AE

José Mojica Marins, conhecido popularmente por seu principal personagem, o coveiro Zé do Caixão, morreu nesta quarta (19/02/2020), aos 83 anos. Considerado o pai do cinema de terror no Brasil, o ator e diretor de clássicos como À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964) e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967) estava recluso há cinco anos por causa de problemas de saúde, sobretudo cardíacos.

De acordo com depoimento da filha do artista, Liz, à Folha de S. Paulo, o cineasta morreu por complicações de uma broncopneumonia. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, para tratar a doença.

4 imagens
Encarnação do Demônio (2008): filme que marcou o retorno de Marins ao personagem clássico
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967)
O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968)
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À Meia-Noite Levarei sua Alma (1964): filme de estreia do personagem Zé do Caixão

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Encarnação do Demônio (2008): filme que marcou o retorno de Marins ao personagem clássico

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Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967)

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O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968)

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Carreira

Filho de artistas circenses, Marins, nascido em São Paulo, cresceu frequentando a sala de cinema gerenciada por seu pai. Fez filmes caseiros na infância e tinha especial interesse pelo terror.

Com verve autodidata, o artista criou, aos 17 anos, a Companhia Cinematográfica Atlas, espaço para desenvolver seus projetos. Seus métodos nada habituais incluíam, por exemplo, testar elencos com insetos e outros bichos.

O primeiro sucesso de Marins foi A Sina do Aventureiro (1958), classificado pelo pesquisador Rodrigo Pereira como um “western feijoada”. O Zé do Caixão, personagem que o acompanharia pelo resto da carreira, surgiu em À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964).

Criado “do zero” por Marins, Zé do Caixão, ou Coffin Joe, como é popularmente conhecido na cinefilia internacional, surgiu para o artista durante um pesadelo. Nele, dizia o ator e diretor, ele era arrastado por um vulto para seu próprio túmulo.

Com características unhas alongadas e discursos mórbidos, Zé do Caixão era frequentemente dublado por Laércio Laurelli. A maneira que Marins encontrara de reforçar ainda mais o ar macabro do personagem.

Ao longo dos anos, Marins continuou a mostrar o personagem em novas histórias, como Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968), Trilogia de Terror (1968), O Despertar da Besta (1969) – também conhecido como O Ritual dos Sádicos – e Exorcismo Negro (1974).

Em 2008, concluiu a trilogia iniciada por À Meia-Noite e Esta Noite com Encarnação do Demônio, filme exibido no Festival de Veneza e concluído com a ajuda de amigos do cinema, entre eles o montador e hoje diretor Paulo Sacramento (O Prisioneiro da Grade de Ferro).

Para além do terror

A trajetória de Marins transcendia Zé do Caixão e o cinema de terror. Rodou outras produções do gênero sem o personagem, como o cult Finis Hominis (1971), Inferno Carnal (1976) e A Praga (1980).

Entre os anos 1960 e 1980, foi um dos grandes nomes do cinema marginal a bordo da Boca do Lixo, em SP. Também participou ativamente da pornochanchada como ator e diretor em títulos como 24 Horas de Sexo Explícito (1985).

Nos anos 1990, a obra de Marins passou a ser cultuada fora do Brasil, por círculos de cinema nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, apresentou programas de TV como Cine Trash, na Band, e O Estranho Mundo de Zé do Caixão, no Canal Brasil.

Apesar da imensa popularidade do personagem Zé do Caixão no imaginário brasileiro, seus filmes ainda custam a ter o devido reconhecimento. A presença de títulos do ator e diretor no mercado atual de streaming, DVD/Blu-ray e TV a cabo, por exemplo, é rarefeita.

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