“Tito e os Pássaros questiona a cultura do medo”, diz codiretor
Animação pré-indicada ao Oscar 2019 será exibida em Brasília durante a programação do BIFF
atualizado
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Em 2018, a centenária animação brasileira vive o seu melhor momento. Além do aumento na quantidade de produções, as obras com assinatura “verde e amarela” são cada vez mais reconhecidas pela crítica internacional. Pré-indicado ao Oscar 2019, o longa-metragem Tito e os Pássaros é um dos destaques do BIFF (Brasília International Film Festival), mostra realizada no Cine Brasília (106/107 Sul) e Cine Cultura (Liberty Mall), até este domingo (18/11).
Dirigido por Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto, o desenho também ganhou destaque na 42ª edição do Festival de Cinema de Animação de Annecy (França), em julho deste ano, quando Tito e os Pássaros foi indicado ao prêmio principal.
“Estou muito feliz. Fazer filme é um processo tão longo, toma um pedaço da vida e a gente tenta fazer o melhor. Mas o mais importante de fato é dar um passo maior, possibilitar que ele seja visto por mais pessoas”, afirma Steinberg, em entrevista ao Metrópoles.
O codiretor reforça que Tito é a terceira animação com essa repercussão fora do país, após Uma História de Amor e Fúria (2013) e O Menino e o Mundo (2016), indicada ao Oscar. “É um caminho já trilhado e damos continuidade ao processo. Isso abre muitas portas para outros diretores. Faz o Brasil ser reconhecido como produtor de importante de animações. Nós mesmos já estamos sendo procurados para caminhos de coprodução com outros países”, adianta.
Na aventura, Tito é um menino de dez anos tentando combater a epidemia de pânico que contaminou todas as pessoas em uma megalópole. Steinberg afirma não imaginar, à época da realização da obra, oito anos atrás, que esse seria um tema tão atual. “Eu sou de São Paulo, então, enxergar o medo como uma doença não é uma genialidade. O que buscamos foi falar dessa cultura que tomou conta da sociedade”, disse.
A mistura pouco provável de estilos faz a obra passar longe dos padrões hollywoodianos em uma São Paulo repleta de tons impressionistas. “Não tínhamos nada de alta tecnologia e tivemos de construir essa estética pensando sempre na técnica que iríamos usar. Começamos pelo ambiente dark do cenário e depois os personagens tiveram de alcançar esse lugar”, explica.
Apesar do tema sensível, o diretor faz questão de ressaltar a função da produção de entreter. “Mesmo falando de algo sério, ele não é chato. É uma grande aventura com um roteiro leve, superdivertido e que consegue levantar diversos debates”, conclui.
BIFF 2018
Até 18 de novembro (domingo). Ingressos: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia), no Cine Brasília e no Cine Cultura Liberty Mall. Filmes da mostra em homenagem a Spike Lee terão entradas a preço único de R$ 5. Mostra Mundo Animado e sessões no Sesc Ceilândia terão entrada gratuita. Mais informações no site biffestival.com. Classificação indicativa varia de acordo com os filmes