Filmes da Netflix: o que deu certo, o que não deu e o que vem por aí
Com a recente estreia de “Zerando a Vida”, o Metrópoles faz um balanço dos filmes originais do canal de streaming e aponta as boas novidades que vêm por aí
atualizado
Compartilhar notícia
Consolidada entre os cada vez mais populares serviços de televisão por streaming, a Netflix também é conhecida por mostrar produtos originais. A queridinha série “House of Cards” é o principal case de sucesso, enquanto o extenso catálogo de 20 documentários revela indicados ao Oscar e filmes sobre Nina Simone e Keith Richards. Aproximar-se dos filmes de Hollywood foi um passo natural, dado com a estreia de “Beasts of No Nation” em outubro de 2015.
Abaixo, aproveitamos a chegada do recente “Zerando a Vida”, com Adam Sandler, para avaliar os erros e acertos dos primeiros filmes de ficção da Netflix. Nos próximos meses, o acervo de títulos originais deve aumentar consideravelmente. Por isso, também damos pitacos sobre os longas mais aguardados.
O que deu certo
Logo de cara, a Netflix repetiu a receita de sucesso obtida com “House of Cards”. Na série, o conceito envolvia um rosto conhecido (Kevin Spacey) e um diretor respeitado (David Fincher).
A fórmula é replicada no drama de guerra “Beasts of No Nation”, ambientado num país fictício da África: reúne o ator Idris Elba (“Círculo de Fogo”), que chegou a ser especulado como o novo 007, e Cary Fukunaga, o cultuado autor da série “True Detective”.
O filme gerou boa repercussão em Hollywood, mas frustrou os produtores após ser esnobado nas indicações ao Oscar – Elba concorreu ao Globo de Ouro. De qualquer maneira, o estúdio/canal de streaming aproveitou o prestígio para se associar a outros produtos já estabelecidos, seguindo à risca a fórmula de remakes e sequências da indústria de cinema.
As lutas e os voos espetaculares de “O Tigre e o Dragão” (2000) ganharam continuação em “A Espada do Destino”, que conseguiu manter Michelle Yeoh nas rédeas da trama. Pouco popular no Brasil, o bizarro personagem vivido pelo comediante Paul Reubens renasceu em “Pee-wee’s Big Holiday”.
Esse parece ser uma estratégia inteligente: investir tanto em produções sérias, de olho em festivais, no público cinéfilo e, claro, nos holofotes do Oscar, quanto no potencial lucrativo de franquias, personagens e atores/diretores populares.
O que não deu certo
Apesar dos acertos, a Netflix também derrapou no lugar-comum ao assinar um contrato com Adam Sandler e sua produtora, a Happy Madison. Cada vez mais desprestigiado por seus pares em Hollywood e pela crítica, o comediante firmou um projeto de quatro longas-metragens para o canal. Dois já estrearam.
Comédia de faroeste, “The Ridiculous 6” chegou em dezembro e logo rumou para o esquecimento. Enquadrada nos moldes de outros filmes do ator, como “Gente Grande”, “Zerando a Vida” marca um reencontro de dois amigos de infância (Sandler e David Spade) que se metem em sérias enrascadas após forjarem suas mortes.
O cinema infantil e cheio de clichês conservadores de Sandler não parecem harmonizar com o espírito progressista da Netflix. Ainda assim, não deixa de ser sintomático que o humorista só encontre espaço para trabalhar na telinha, em filmes que sequer chegam aos cinemas.
A outra comédia lançada pelo streaming também não é lá muito melhor que as de Sandler. Com trama idêntica à de “Zerando a Vida”, “Special Correspondents” acompanha um jornalista (Eric Bana) e um técnico de rádio (Ricky Gervais) que se dão mal após fingirem um sequestro durante uma série de manifestações e eventos caóticos no Equador.
O que vem por aí
Apesar de ainda ter um catálogo irregular de filmes originais, com pelo menos três grandes deslizes (as comédias de Sandler e Gervais), o futuro “autoral” da Netflix parece promissor. A próxima estreia já chega em 24 de junho: “The Fundamentals of Caring”, com Selena Gomez e Paul Rudd, o Homem-Formiga.
O mais aguardado pelos cinéfilos é “Okja”, novo filme de monstro do excelente diretor sul-coreano Bong Joon-ho, autor de “Expresso do Amanhã” (2013) e da obra-prima “O Hospedeiro” (2006). Só deve aparecer no streaming em 2017.
Veja a lista de outros lançamentos, todos sem data de estreia definida:
“A Futile and Stupid Gesture”, sobre o fundador da revista “National Lampoon”, publicação que originou a franquia “Férias Frustradas”
“First They Killed My Father”, filme de Angelina Jolie sobre a ativista Loung Ung
“Girlfriend’s Day”, comédia escrita e protagonizada por Bob Odenkirk (astro das séries “Breaking Bad” e “Better Caul Saul”)
“The Most Hated Woman in America”, sobre a ativista ateia Madalyn Murray O’Hair
“War Machine”, drama de guerra com Brad Pitt