Filme Valentina apresenta luta de transgêneros no uso do nome social
A produção relata a história de uma jovem que vive batalha particular em uma escola da cidade Estrela do Sul (MG)
atualizado
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Segundo dados divulgados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), somente em 2019, pelo menos 124 pessoas transgênero, entre homens e mulheres, transmasculinos e travestis, foram assassinadas no Brasil, em contextos de transfobia. No país, a expectativa de vida de um transgênero é apenas de 35 anos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E é exatamente essa batalha rotineira que o filme Valentina aborda.
No longa brasileiro, produzido pelos irmãos Erika e Cássio Pereira dos Santos, a jovem Valentina, de 17 anos, interpretada pela atriz transgênero Thiessa Woinbackk, enfrenta o desafio de utilizar seu nome social em uma escola da pacata cidade de interior Estrela do Sul, em Minas Gerais, para onde ela se mudou com a mãe, Márcia (Guta Stresser).
“O maior desafio é encontrar o pai, que abandonou a filha e a mulher, para que ele possa assinar a matrícula e ela tenha o direito de usar o seu nome social”, explicou Erika em entrevista ao portal Metrópoles.
“A gente viabilizou esse filme no FAC [Fundo de Apoio à Cultura], e o Cassio conseguiu o edital de roteiro. Depois, abrimos a produtora Campo Cerrado Produções e conseguimos o edital de produção, no qual foram contemplados 10 filmes no Brasil”, relatou Erika.
Segundo a produtora, o longa foi filmado em apenas cinco semanas, fora o tempo de pré-produção, na própria Estrela do Sul (MG). Ela afirmou que a população local se tornou parte do staff: “Contamos com ajuda de um grupo maravilhoso e competente. Os moradores foram muito acolhedores, a cidade virou uma equipe mesmo”. Além de Thiessa e Guta, também estão no elenco Rômulo Braga e novos talentos como Letícia Franco, Ronaldo Bonafro, João Gott e Pedro Diniz.
Questão social
Erika revelou que ser transgênero foi um dos pré-requisitos para interpretar Valentina. Thiessa, inclusive, possui um canal no YouTube para falar sobre os desafios de ser transgênero – a ideia é auxiliar esse público e ajudar os seguidores. Além da atriz principal, o projeto também contou com outros profissionais trans, como Sofia Carneiro (consultora), Pedro Diniz (pesquisador e ator) e a cantora e compositora Xan, que foi autora da música original do filme – em coautoria com a banda paranaense TUYO, trio em ascensão no cenário musical brasileiro.
“Em Valentina, vamos conseguir dialogar com pessoas muito variadas, desde o jovem até as famílias, por ser uma relação de mãe e filha. Podemos chegar nas pessoas trans e nas que precisam abrir a cabeça, ver que é uma coisa normal e, quem sabe, um dia a gente possa entrar no coração das pessoas e sensibilizar, transformar em amor e respeito”, destacou Erika, ao afirmar que a principal intenção do filme é a questão social.