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Filme narra divisão entre militantes de Lula e Bolsonaro nas eleições

No Céu da Pátria Nesse Instante, de Sandra Kogut, revisita tensão e desinformação que levaram ao caos que atingiu Brasília em 8 de janeiro

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No Céu da Pátria Nesse Instante
1 de 1 No Céu da Pátria Nesse Instante - Foto: Divulgação

O olhar de personagens importantes, mas pouco lembrados no contexto das eleições de 2022, consideradas as mais tensas desde a redemocratização, ganham uma nova perspectiva em No Céu da Pátria Nesse Instante, novo documentário de Sandra Kogut.

Em vez de seguir o caminho óbvio de acompanhar os presidenciáveis, a diretora carioca mergulha no dia a dia de militantes pró-Lula e pró-Bolsonaro, voluntários do processo eleitoral, além de uma profissional de mídias sociais e da produtora Antonia Pellegrino, esposa de Marcelo Freixo, que em 2022 vivia a iminência de se tornar primeira dama do Rio de Janeiro.

A estreia mundial do longa ocorreu no último domingo (10/12), na abertura da mostra competitiva nacional do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro sob aplausos, cantorias e protestos isolados. Um frequentador, que parecia ser um dos poucos representantes da direita presente, reclamava de tempos em tempo da abordagem pró-esquerda do longa, enquanto gerava reações acalarodas na plateia — como é tradição na mostra brasiliense.

“O filme só nasce mesmo quando você consegue uma situação dessas. É o que a gente sonha: ter uma sala cheia, com gente envolvida, reagindo. Foi sensacional. É ali que o filme nasce”, comemorou Sandra, em entrevista ao Metrópoles.

Foi justamente por causa do peso, da história e do tom político do festival que Sandra e sua equipe correram contra o tempo para finalizar o documentário a tempo de fazer sua estreia mundial em Brasília. “Quando surgiu a possibilidade de trazer o filme pra cá, quando tomamos a decisão, o longa ainda estava ficando pronto”, revela.

A diretora conta com essa repercussão para chamar atenção para a janela de exibição do documentário nos cinemas, ainda sem data para ocorrer. “O filme foi recebido com tanta intensidade, calor e emoção que dá vontade de colocar já no cinema”, confessa Sandra. “Mas no momento ele vai seguir carreira nos festivais”, completa.

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Através do olhar e da vivência de alguns personagens envolvidos no processo das eleições, mergulhamos num Brasil de tensão e expectativa, onde coexistem realidades paralelas, que têm dificuldade de se enxergar mutuamente
Cineasta e documentarista, Sandra Kogut vem há anos utilizando diferentes mídias e formatos: ficções, documentários e instalações. Seus filmes receberam dezenas de prêmios internacionais e foram lançados em diversos países
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Rodado ao longo do ano de 2022, o filme acompanha de perto os meses turbulentos do período eleitoral que culminaram na invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF, no dia 8 de janeiro de 2023

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Através do olhar e da vivência de alguns personagens envolvidos no processo das eleições, mergulhamos num Brasil de tensão e expectativa, onde coexistem realidades paralelas, que têm dificuldade de se enxergar mutuamente

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Cineasta e documentarista, Sandra Kogut vem há anos utilizando diferentes mídias e formatos: ficções, documentários e instalações. Seus filmes receberam dezenas de prêmios internacionais e foram lançados em diversos países

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Registro histórico

Filmado em várias partes do país, incluindo Brasília, Rio de Janeiro e Pará, No Céu da Pátria Nesse Instante acompanha uma série de personagens de vários pontos do espectro político, e esclarece aspectos importantes do processo eleitoral, como funcionamento das urnas eletrônicas. Um de seus maiores méritos  é mostrar como a desinformação culminou no caos que atingiu Brasília em 8 de janeiro.

“Geralmente, nessas situaçõe,s olhamos para quem está no centro da imagem, no centro do poder: os candidatos. Mas e os que estão ali do lado? No fundo? Junto? Sem eles o processo não existe. Eu queria esses olhares. Tanto que algumas imagens de momentos marcantes, como o dia da posse, vemos por um ângulo que não foi aquele das imagens oficiais. A visão dessas pessoas que não estão habitualmente no centro sempre me interessou, nos meus outros filmes também lidei com isso. No processo eleitoral é impressionante ver quanta gente trabalha, se dedica, se envolve. É o esforço máximo da democracia”, afirma Sandra Kogut.

Para além de uma equipe dedicada em cada locação, Sandra conseguiu chegar a tantos personagens, com histórias e culturas distintas, tendo a internet como aliada.

“A gente filmou ao longo de muitos meses, e construímos uma relação de confiança, sem a qual o filme não teria existido. Muitas vezes falei com eles por Zoom, o que me permitiu entrar numa relação mais próxima, direta, de um para um. No dia 8 de janeiro, por exemplo, falei com vários personagens ao mesmo tempo, enquanto as invasões aconteciam. Isso teria sido impossível se tivéssemos que ir com uma equipe. Era importante ter um dispositivo de filmagem que fosse híbrido e flexível para lidar com a imprevisibilidade do momento. A gente vivia com o coração na boca, sem idéia do que ia acontecer”, conclui.

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