Filme Brasil S/A chega aos cinemas com distribuição educativa
Premiado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o filme ocupa salas de cinema de 18 cidades brasileiras e chega às escolas em formato de vídeo-aula
atualizado
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Vencedor de cinco prêmios da edição de 2014 do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, “Brasil S/A” finalmente chega ao circuito comercial, ocupando salas de 18 cidades brasileiras. Em cartaz a partir desta quinta (11/8), o filme dirigido por Marcelo Pedroso foi coroado na capital em cinco categorias: melhor direção, roteiro, trilha sonora, som e montagem.
Atropelado pela chegada das máquinas que vão acelerar o processo de produção, um cortador de cana tem o destino desviado do rumo planejado. Parece um grande clichê, mas “Brasil S/A” está longe ser um filme qualquer. Apresentando um Brasil-empresa, o filme traz questionamentos importantes, como o colapso urbano.
Para dar vazão às reflexões de Brasil S/A, Marcelo Pedroso repetiu o que já fez anteriormente em outras produções. Criou uma distribuição alternativa para o filme, levando ele para os bancos escolares. O material, dividido em seis textos, apresenta formas de se trabalhar o longa de uma forma educativa, explorando os temas: desenvolvimentismo, colapso urbano, progresso, meio ambiente, preconceito racial e gênero no Brasil. O cinema também é discutido indicando referências que podem dar mais luz à quem quiser se envolver um pouco mais na obra de Pedroso.
Além dos textos, chegarão às mãos dos educadores o DVD do longa e vídeo-aulas com dois alunos secundaristas discutindo assuntos relativos ao filme. A ideia original é que essas produções só sejam assistidas após a exibição do filme, para que não comprometa a percepção dos alunos de Brasil S/A.
O problema da restrição de distribuição é sobretudo político, mas não dá para esperar uma política pública que esquematize essa distribuição. Cabe ao realizador inventar novas formas. A gente tem feito esse esforço para levar nossos filmes para fora dos espaços convencionais. Assim, ajudamos a ativar o circuito de escolas, universidades, fundações, praças, movimentos sociais
Marcelo Pedroso, cineasta
Com as salas de cinema tomadas por campões de audiência, muita vezes assinados pela Globo Filmes ou grande indústrias norte-americanas, a produção nacional é motivo de muita reflexão em Marcelo Pedroso. Para o diretor, uma transformação no cenário atual só seria possível caso houvesse uma mudança de paradigmas.
“Primeiro seria preciso requalificar a televisão. Enquanto a TV for a principal matriz do olhar, a população vai ficar refém desse gosto. Depois, é preciso transformar as cidades. Os cinemas estão confinados no esquema shopping-estacionamento-arcondicionado. Mas você não consegue construir cinemas nas ruas sem mudar totalmente as cidades. É uma transformação cultural bem ampla”, afirma.