Festival do Rio: leia entrevista com Crystal Moselle, de Skate Kitchen
Cineasta norte-americana conversou com o Metrópoles sobre seu primeiro longa de ficção, um drama sobre adolescentes skatistas
atualizado
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Rio de Janeiro — Que tal um filme sobre meninas adolescentes skatistas estrelado por não atrizes e com Jaden Smith de cabelo vermelho no elenco? Este é Skate Kitchen, atração no Festival do Rio 2018* e primeiro longa-metragem de ficção da diretora norte-americana Crystal Moselle, nascida em San Francisco e hoje radicada em Nova York.
Em entrevista ao Metrópoles, a cineasta, de 38 anos, contou que teve a ideia para o filme circulando pela cidade de metrô. Foi lá onde conheceu as skatistas e decidiu desenvolver um projeto em torno do cotidiano das meninas, suas conversas e seus sonhos.
Skate Kitchen acompanha de perto a vida agitada de Camille (Rachelle Vinberg), que está prestes a completar 18 anos. Filha de pais divorciados, ela mora com a mãe, latina e enfermeira, e encontra seu refúgio ao sair de Long Island e conhecer uma turma de meninas que andam de skate no centro de NY. As novas amizades mexem profundamente com os sentimentos e a rotina da garota, cada vez mais envolvida na produção de vídeos radicais para as redes sociais.
Um dos produtores-chave do filme é o brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features, selo responsável por hits independentes como Frances Ha (2012), A Bruxa (2016) e Me Chame Pelo Seu Nome (2017), vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado.
Leia entrevista completa com a diretora Crystal Moselle, de Skate Kitchen:
O filme nasceu de suas observações cotidianas sobre Nova York ou algo parecido?
Conheci as garotas andando de metrô, na cidade de Nova York. Eu as escutava conversando, falando sobre skate, e achei aquilo interessante. Então, peguei o telefone delas e nós começamos a sair e a conversar sobre como é ser uma garota que anda de skate. Originalmente, era para ser um documentário.
Mas aí tive a oportunidade de fazer um curta-metragem com uma marca chamada Miu Miu. Fizemos o curta juntos (That One Day, 2016). Ele se saiu tão bem que surgiu a chance de fazermos um longa graças a Rodrigo (Teixeira), financiador e produtor do filme.
Há vários não atores no elenco. Como funcionou essa dinâmica deles e delas com Jaden Smith e de que maneira isso contribuiu para a energia narrativa do filme?
Foi interessante porque eu estava tão preocupada com os não atores e as interpretações deles… Tive bons conselhos, de que na verdade eu deveria me preocupar mais com os atores do que com os não atores.
Disse a Jaden, “quero que você faça esse filme, mas você precisa vir para Nova York e andar pela cidade e mergulhar nessa cena de skate”. Ele topou e isso ajudou bastante.
Skate Kitchen se passa no centro de Nova York? Onde ficam esses lugares que você filmou?
É no Brooklyn e em vários outros lugares que eles vão para andar de skate.
Você usa bastante close-ups para mostrar o mundo de Camille e suas novas amizades. O que tentou alcançar visualmente com seu primeiro trabalho de ficção?
Queria que o filme soasse como uma descoberta. Em todos os momentos, queria que essas experiências parecessem inéditas para ela. Também senti que era como um filme de dança. Uma oportunidade de criar momentos poéticos e bonitos a bordo do skate.
O cinema indie norte-americano vive um momento bastante produtivo e de mudança, com festivais e serviços de streaming se complementando. Qual a relevância dessas janelas para um diretor que está começando?
Eu gosto demais da cultura de festivais. E acho que, infelizmente, o cinema meio que está morrendo. É realmente bom estar em um festival em que as pessoas amam filmes e verdadeiramente apreciam o que você está fazendo. Há vários pontos de vista incríveis acontecendo no cinema atual.
*O repórter viajou a convite do Festival do Rio 2018