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Festival de Brasília começa com homenagens e filme Domingo

Primeira noite do evento inaugura o prêmio honorário Leila Diniz, que será entregue à atriz Ittala Nandi e à montadora Cristina Amaral

atualizado

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Divulgação
Domingo Still 1
1 de 1 Domingo Still 1 - Foto: Divulgação

Evento de cinema mais tradicional do Brasil, o Festival de Brasília chega à 51ª edição nesta sexta (14/9), privilegiando a presença feminina entre os 21 filmes (9 longas, 12 curtas) selecionados na mostra competitiva. Treze produções têm mulheres como diretoras ou codiretoras. Exclusiva para convidados, a noite de abertura será conduzida pelos artistas Letícia Sabatella e Chico Díaz.

Além da seleção diversificada, o encontro cinematográfico também reserva outro destaque ao trabalho feminino no cinema nacional: a criação do prêmio honorário Leila Diniz, honra que carrega o nome da contestadora atriz de Todas as Mulheres do Mundo (1966) para homenagear personalidades marcantes da produção brasileira.

As primeiras homenageadas serão Ittala Nandi, atriz lendária que participou de movimentos estéticos como o Cinema Novo e o Teatro Oficina, e a experiente montadora Cristina Amaral, responsável por dar ritmo a filmes de mestres como Andrea Tonacci, Carlos Reichenbach e Edgard Navarro. Ela recebeu o Candango nessa categoria por O Inventor (1991), Sua Excelência, o Candidato (1992) e Alma Corsária (1993), de Carlão, além de um troféu de edição de som por Eu Sei que Você Sabe (1995).

Gisella Cardoso/Divulgação
Clara Linhart e Fellipe Barbosa: longa Domingo, ambientado no início da era Lula, serve como reflexão dos 14 anos do PT na Presidência da República. Filme passou recentemente na mostra Horizontes, no Festival de Veneza

 

A estreia de Ittala Nandi no cinema foi há meio século, em O Bandido da Luz Vermelha (1968), obra-prima de Rogério Sganzerla que faturou o festival. Em 2018, ela é uma das estrelas do filme de abertura do evento, intitulado Domingo (RJ), exibido fora de competição.

“Temos muito orgulho de trazê-la de volta às telas do cinema num papel importante. Ela está magnífica. Aliás, o elenco todo está fantástico. A mistura entre atores profissionais e não atores de várias partes do país se revelou muito bem-sucedida”, destacam os realizadores Fellipe Barbosa (Gabriel e a Montanha, Casa Grande) e Clara Linhart (assistente de direção nesses dois trabalhos), em entrevista por e-mail.

O longa é ambientado no dia 1º de janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva tomava posse como presidente da República. Um churrasco de família reúne duas famílias do interior gaúcho e promete situações diversas – de adolescentes cheios de energia a uma caixinha com cocaína largada no armário.

O projeto começou em 2005, bem antes de o roteirista da obra, Lucas Paraizo, se firmar como importante escritor para cinema (Divinas Divas, Gabriel e a Montanha) e TV (O Rebu, Sob Pressão). “Como só conseguimos viabilizar a produção em 2017, o filme ganhou esse aspecto de reflexão sobre os 14 anos de governo do PT. Acredito que os tempos no cinema são mágicos e que essa demora para filmar foi muito benéfica para o resultado”, ressaltam Linhart e Barbosa.

Domingo ganha contornos ainda mais curiosos se lembrarmos da prisão de Lula e o panorama polarizado e imprevisível da corrida eleitoral. “Certamente não poderíamos imaginar que ele estaria preso hoje, no centro das próximas eleições. Quando o filme for lançado em janeiro do ano que vem, não temos ideia de quem estará no poder. Isso prova que não temos controle sobre os efeitos de um filme, nem deveríamos ter”, refletem os cineastas.

O medo de os ricos perderem seus privilégios e de que o Brasil se tornaria um país comunista não se concretizou. O governo do Lula foi bom para a classe alta. Ele foi um conciliador que soube aproveitar a onda de crescimento econômico. As coisas mudaram para os mais pobres, que puderam imaginar um futuro melhor para seus filhos

Clara Linhart e Fellipe Barbosa, diretores

Antes de Domingo, será projetado o curta Imaginário (SP), no qual Cristiano Burlan constrói uma crônica histórica do Brasil a partir de discursos políticos desde os anos 1940.

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O diretor Cristiano Burlan também exibe no festival o longa Elegia de um Crime, em mostra paralela
O curta Imaginário será projetado antes do longa Domingo. Ambos fora de competição
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Imaginário: reflexão política a partir de imagens históricas

Ana Carolina Marinho Dantas/Divulgação
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O diretor Cristiano Burlan também exibe no festival o longa Elegia de um Crime, em mostra paralela

Ana Carolina Marinho Dantas/Divulgação
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O curta Imaginário será projetado antes do longa Domingo. Ambos fora de competição

Ana Carolina Marinho Dantas/Divulgação

 

O diretor já exibiu o longa Fome (2015) na mostra competitiva do festival e, em 2018, também traz ao evento o filme Elegia de um Crime, selecionado na seção paralela Onde Estamos e Para Onde Vamos?. No documentário, o cineasta reconstrói a trajetória de sua mãe, Isabel, morta pelo marido em 2011.

Homenagem e exposição
Criada em 2016 para reconhecer personagens importantes do cinema brasileira, a medalha Paulo Emílio Sales Gomes será entregue ao acadêmico Ismail Xavier, professor emérito da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP).

Outro homenageado, Walter Mello é cidadão honorário de Brasília e foi um dos idealizadores do Arquivo Público do Distrito Federal. Nos anos 1960, participou ativamente da criação do Festival de Brasília, na época chamado de Semana do Cinema Brasileiro.

A cerimônia de abertura da 51ª edição também inaugura a exposição Momento em Movimento, reunindo imagens históricas do festival clicadas pela fotógrafa Mila Petrillo. Os registros poderão ser vistos na área externa do Cine Brasília, das 10h à 0h.

51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Nesta sexta (14), às 19h, no Cine Brasília (106/107 Sul). Cerimônia de abertura e exibição dos filmes Imaginário (SP, 18min, 12 anos) e Domingo (RJ, 95min, 16 anos), ambos fora de competição. Sessão exclusiva para convidados. Informações: (61) 3244-1660 ou festivaldebrasilia.com.br

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