Festivais internacionais mostram o aclamado retorno do cinema erótico
Ao contrário dos thrillers eróticos dos anos 1980 e 1990, cujo o foco era chocar, a nova tendencia aborda o sexo de forma mais terapêutica
atualizado
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O que os filmes Rivais, Tipos de Gentileza, Pearl, Motel Destino, Pobres Criaturas e Babygirl tem em comum? O sexo como elemento destaque na trama. A volta do cinema erótico foi comprovada na edição deste ano do Festival de Cinema de Veneza, com tramas que abordam a sexualidade em relacionamentos LGBTQIAP+, héteros e fetichistas.
Ao contrário dos thrillers eróticos dos anos 1980 e 1990, cujo foco era chocar e seduzir o público, a nova tendência explora a sexualidade de forma mais terapêutica e profunda, como destaca o artigo da The Hollywood Reporter sobre o erotismo nas obras exibidas em Veneza.
A tese defedida pelos especialistas é que, após a criação de plataformas como o Pornhub, a exposição ao sexo se tornou banal. Na contramão, os novos filmes eróticos procuram narrativas mais complexas e introspectivas. O propósito, agora, é tratar do sexo com naturalidade, sem tabu ou julgamentos.
“O cinema precisa de mais honestidade ao falar sobre sexo”, afirmou Halina Reijn, diretora de Babygirl, ao The Hollywood Reporter.
Estrelado Nicole Kidman, a obra fala sobre prazer sexual feminino e aborda um relacionamento BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo). Ovacionado por mais de sete minutos, a produção segue Romy, uma empresária bem sucedida que começa a trair o marido com um estagiário.
“É contada por uma mulher, sob seu olhar, e isso é o que faz o filme tão único, porque basicamente eu estava nas mãos de uma mulher. Foi lindo compartilhar nossos instintos, foi muito libertador. Todos merecemos mais orgasmos”, declarou a atriz sobre Babygirl à imprensa.
Apesar de ter inspirações em thrillers eróticos dos anos 1990, como Atração Fatal, a diretora de Babygirl diz o sexo é abordado de forma diferente, pensando na insatisfação da protagonista no casamento. “Esse filme é minha resposta, minha resposta feminina, a esses filmes”, disse ela.
Conexão e intimidade
No festival de Veneza, outro título que chama a atenção é Queer, de Luca Guadagnino, que dirigiu filmes como Rivais e Me Chame Pelo Seu Nome. A nova produção do italiano tem Daniel Craig como um norte-americano com dependência química que fica obcecado por um jovem marinheiro. Assim como nas outras obras dele, a sexualidade está em grande destaque. A defesa do diretor é que o erotismo na obra traduz a busca desesperada por conexão e intimidade.
Só para refrescar a memória: em Rivais, a quadra de tênis ganha uma tensão sexual com os personagens Tashi Duncan (Zendaya), Art Donaldson (Mike Faist) e Patrick Zweig (Josh O’Connor). Já em Call Me By Your Name, um verão na Itália segue um romance entre o um jovem Elio Perlman (Timothée Chalamet) e Oliver (Armie Hammer).
Não é preciso ter uma cena erótica para entrar nessa onda. Por exemplo, Love, do norueguês Dag Johan Haugerud, é recheado de diálogos explícitos sobre sexo, mas sem nenhum momento íntimo entre os personagens. “Quero fazer filmes sobre sexo sem mostrar sexo, mas abordando-o de forma concreta e direta nas conversas entre os personagens”, afirmou o realizador.
Tendência fora de Veneza
Não é só Veneza que está presenciando esta tendência. Uma das apostas brasileiras para os festivais internacionais de cinema, Motel Destino, tem várias cenas eróticas, tanto que o ator Iago Xavier brincou que “cansou de transar” nas gravações, em entrevista ao Splash.
A trama se segue Heraldo (Iago Xavier) que, enquanto fugia por dívida, vai parar em um motel, gerido por Dayana (Nataly Rocha) ao lado do marido (Fábio Assunção). O foragino e a mulher começam a se envolver em um nível sexual.
Aliás, Emma Stone recebeu o segundo Oscar de Melhor Atriz, este ano, por Pobres Criaturas, filme com vários momentos de nudez. Ela repetiu a parceria com o diretor da obra, Yorgos Lanthimos, em Tipos de Gentileza, que tem até uma cena de sexo a quatro entre a atriz, Margaret Qualley, Jesse Plemons e Mamoudou Athie.