Em sessão lotada, terceira noite competitiva aquece o Festival de Brasília
A sessão desta sexta (18) foi marcada pelo desabafo do diretor Rodrigo Carneiro, de “Copyleft”, sobre as vítimas de homofobia e intolerância
atualizado
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Nesta sexta (18), dia que habitualmente costuma esquentar o Festival de Brasília, várias pessoas se aglomeraram nos corredores da sala. Com certo atraso, os mestres de cerimônia fizeram uma simples homenagem ao cineasta Carlos Manga, morto nesta quinta (17): foi pedido que a plateia aplaudisse o diretor.
Já encostando no fim de semana, o 48° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chegou à sua terceira sessão competitiva com boa acolhida do público. O longa “Para Minha Amada Morta”, de Aly Muritiba, prendeu a atenção da plateia ao misturar drama e suspense. Fernando Alves Pinto vive um homem que perdeu a esposa e sofre ao descobrir um episódio do passado dela.
Antes, os curtas tiveram recepções diversas. Enquanto “Cidade Nova” foi acolhido timidamente, “Copyleft” se valeu do discurso inflamado de seu diretor, Rodrigo Carneiro, para conquistar a plateia.
O calor da cerimônia
Um dia após apresentar o curta “Tarântula”, Aly Muritiba retornou ao Cine Brasília para mostrar seu primeiro longa, “Para Minha Amada Morta”. O ator Fernando Alves Pinto é um dos nomes mais conhecidos do elenco. “Uma das imagens mais lindas do festival infelizmente vocês não podem ver: a vista do palco, com a plateia lotada pra ver nosso filme”, disse o cineasta.
A equipe do curta “Cidade Nova” também subiu ao palco. “Foi feito em uma cidade planejada, no interior do Ceará, suscitando questões de pertencimento. Como é se sentir em casa num lugar que foi inventado?”, contou o diretor, Diego Hoefel. Parte do filme teve produção baseada em Brasília, incluindo o ator candango João Campos.
O diretor Rodrigo Carneiro (foto no alto) veio ao Cine Brasília com um forte discurso político. “É um filme sobre a dor de um jovem não poder ser aquilo que ele é”, disse o autor de “Copyleft”. “Em resposta à liberação sexual, há uma onda crescente de ódio. Trago no meu corpo essas vítimas. É aqui nessa cidade que se fazem as leis, é esse estado que decide quais vidas são merecedoras de amparo e quais são descartáveis”, desabafou. Ao final do discurso, boa parte dos presentes aplaudiu de pé a fala de Carneiro. Foi a manifestação mais contundente e participativa da plateia do festival até agora.
Foto: Michael Melo/Metrópoles