Elenco de Argentina, 1985 alerta para perigo de governos ditatoriais
Os atores Peter Lanzani e Alejandra Flechner falaram ao Metrópoles sobre o filme que estreia na Prime Video nesta sexta-feira (21/10)
atualizado
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Rio de Janeiro – O aguardado filme Argentina, 1985, obra inspirada no histórico Julgamento das Juntas, que levou ao tribunal civil do país nove comandantes da ditadura militar, estreia nesta sexta-feira (21/10), no Prime Video. O Metrópoles conversou com parte do elenco, que esteve no Brasil para o lançamento exclusivo da produção durante o Festival do Rio.
Com direção de Santiago Mitre, o longa acompanha os promotores Julio Strassera (Ricardo Darín) e Luís Moreno Ocampo (Peter Lanzani), que enfrentaram pressões políticas para levar a cabo o primeiro processo civil no mundo contra crimes cometidos por militares no poder. Para os atores Peter Lanzani e Alejandra Flechner, a obra resgata um passado doloroso não só da Argentina, mas de grande parte dos países, em especial os latino-americanos, que já experimentaram a crueldade de governos ditatoriais.
“É um filme necessário, que fala com a humanidade. O mundo inteiro se vê representado nele. Muitos países não tiveram a oportunidade de julgar os seus ditadores. [Na Argentina] nós fomos afortunados e valentes de termos podido fazer justiça. E é muito importante relembrar esses momentos, porque temos uma democracia muito recente, é preciso construí-la dia a dia. Creio que falta muita humanidade à sociedade”, afirma o ator Peter Lanzani, que dá vida ao promotor Luís Moreno Ocampo.
“A memória, a verdade e a justiça são como um emblema que voltarão a iluminar um presente muito complexo, onde necessitamos pensar e saber qual o impacto social de um regime antidemocrático. Não queremos mais o terrorismo de Estado, a violência de Estado, que, com recursos de ódio, se acham no direito de suprimir a quem pensa diferente. Precisamos defender o sistema democrático e esse filme traz um pouco de luz para isso”, completa a veterana Alejandra Flechner.
Com o lançamento simultâneo em diversos países pela Prime Video, o mundo vai conhecer, por meio dos relatos das vítimas presentes no longa, as histórias de desaparecidos, mortos e torturados pelo regime entre os anos de 1976 e 1983. “Eu era jovem nessa época. Ter vivenciado esse período, essa crueldade, me ajudou durante a minha preparação para o papel e construção da personagem. Espero ter conseguido passar isso na tela”, considera Alejandra Flechner.
A produção de Santiago Mitre foi a escolhida para representar a Argentina na disputa pelo título de melhor filme estrangeiro do Oscar 2023. A atriz defende, ainda, que a obra chegue com grandes chances na premiação. “Artisticamente é um grande filme. Não são muitas vezes que se pode encontrar algo tão contundente e inteligente em diversos aspectos. A fotografia e a reconstrução da época são impressionantes… além disso, trata de um tema importante para todo o mundo, que faça as pessoas recordarem o que não queremos mais que aconteça”, conclui.
*A repórter viajou a convite da organização do 24ª edição do Festival do Rio.