Distopia brasileira Biônicos mistura drama com alerta sobre tecnologia
Ao Metrópoles, o diretor de Biônicos, Afonso Poyart, explicou como juntou drama e distopia na nova produção brasileira
atualizado
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Biônicos, novo filme de Afonso Poyart, é uma ficção científica com tempero brasileiro. Passada em um futuro distópico, o longa mostra uma sociedade que gira em torno de próteses, que transformam humanos em quase ciborgues. Mas, como afirma o diretor, é também uma reflexão sobre família.
Durante o processo de filmagem, Poyart – nome por trás de Dois Coelhos (2012) e Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo (2016) – tinha um desejo: criar um ficção científica mas que fosse reconhecível pelos brasileiros.
“Eu gosto muito de sci-fi e foi isso, além do drama e da história, que me atraiu pra biônicos. Exploramos novos caminhos e construímos um filme que é brasileiro”, contou o diretor, em entrevista ao Metrópoles.
Biônicos se passa em uma São Paulo do futuro, decadente, mas permeada por tecnologia. De todas as inovações, uma chama atenção: próteses biônicas. A inovação fez com que pessoas com deficiência pudessem se tornar atletas de ponta, superando os limites até então estabelecidos.
É neste ponto que o diretor começa a desenhar os conflitos que vão motivar o filme. Maria, personagem de Jessica Cores, era uma atleta de ponta até a revolução das próteses. Após a tecnologia, sua irmã, a jovem Gabi, vivida por Gabz, se torna a estrela da família. Nascida com deficiência, Gabi passa a usar a prótese e se torna a principal atleta do mundo.
“É uma distopia brasileira”, sintetiza Poyart. “Mas também é a história sobre uma família quebrada, que foi destruída pela ambição de uma das irmãs, mas que busca se reerguer”, completa.
O recado de Biônicos
Biônicos se encaixa no universo do cautionary tale, gênero que explora os perigos da tecnologia e coloca um aviso à sociedade.
Poyart, então, buscou explorar o impactos que as próteses poderiam causar em uma sociedade desigual como a brasileira.
“Exploramos um pouco essa idea, porque as pessoas precisam viver limitadas pelo aspecto biológico, se tem tecnologia que pode aumentar um pouco isso. A gente já faz isso. A discussão é essa: quais as consequências disso? Você cria uma diferenciação, um desejo insano para ter as proteses”, conclui o diretor.