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Diretora de Deslembro conta como abordou a ditadura com atores mirins

Flávia Castro transformou memórias da própria adolescência em uma ficção sobre o trauma de viver o regime militar

atualizado

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1 de 1 Deslembro-0021 - Foto: Divulgação

A cineasta Flávia Castro refutou por muito tempo a noção de que “Deslembro” – seu primeiro longa de ficção, lançado nessa quinta-feira (20/06/2019) – seja autobiográfico. A gaúcha deixou o Brasil aos cinco anos de idade, quando os pais foram exilados pelo regime militar. Morou no Chile, na Argentina, na Bélgica e na França e voltou em 1979, com a promulgação da Lei da Anistia. Essa é também a história de Joana, a protagonista de seu novo filme.

“Eu me defendia muito dessa ideia. Não é exatamente autobiográfico, é mais uma autoficção. O ‘Deslembro’ nasceu do ‘Diário'”, comenta a diretora, referindo-se ao seu primeiro longa, “Diário de uma Busca” (2010). No documentário, ela tentou elucidar a morte do pai, Celso Afonso Gay de Castro, encontrado morto no apartamento de um suposto ex-oficial nazista em 1984. “Se eu não tivesse feito um, o outro jamais teria saído. Ele se nutre de questões que surgiram no Diário e eu quis trabalhar mais a fundo. Um nasce do outro, mas eu retrato muito mais sensações que tive do que fatos da minha vida”, completa.

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Flávia Castro: reflexões sobre uma infância marcada pela ditadura militar
Crianças

Para contar a história de crianças marcadas por regimes ditatoriais, Castro dirigiu a adolescente Jeanne Boudier e os pequenos Arthur Raynaud e Hugo Abranches: os três vivem irmãos no longa. “Abordei a filmagem como um jogo, uma brincadeira. Era faz de conta, a gente não estava vivendo aquela situação realmente. Não queria que nenhum ator sofresse com o personagem. Com os dois meninos, fui respondendo perguntas, que vieram muito mais rápido que imaginei. O Hugo me perguntou o que era um golpe militar, e eu me vi contando. Expliquei dentro do que ele conseguia entender, mas passei o conceito”, lembra Castro.

A relação com Boudier foi um pouco diferente: a atriz francesa completou 16 anos durante as filmagens e, segundo a diretora, tomou a protagonista para si. “A Joana é muito mais dela do que minha. Ela era uma personagem que, embora tivesse sensações da minha própria vida, era para ser criada com a atriz. Quis contar a vivência de uma adolescente, como uma menina dessa idade vive esse contexto, o cotidiano, a elaboração dessa vida. Não quis passar a limpo a história do Brasil”, garante a diretora.

O filme, apesar de retratar o cotidiano de uma família que retorna ao Brasil, tem um forte conteúdo político. Nos tempos em que o obscurantismo tenta reescrever a história do regime militar no Brasil, “Deslembro” está no rol dos filmes que reagem a essa ideia. “Eu acho fundamental a gente ter esse debate onde pudermos, em todas as instâncias. Não podemos deixar que essa negação da história de instale”, defende.

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