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Diretor de Ser Tão Velho Cerrado faz alerta sobre destruição do bioma

Documentário reúne entrevistas com agricultores, empresários do agronegócio, biólogos e políticos em painel sobre agressões ao meio ambiente

atualizado

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1 de 1 ser tão velho cerrado filme documentário - Foto: Divulgação

“Preservar é o pior negócio”, afirma um produtor de soja transgênica em uma das dezenas de entrevistas reunidas no documentário Ser Tão Velho Cerrado, uma das estreias da semana. O longa leva ao público informações, infográficos e depoimentos sobre o estágio avançado de destruição do bioma responsável pelo equilíbrio de todos os outros no Brasil.

Declarações de empresários totalmente despreocupados com o meio ambiente somam-se a relatos alarmantes de biólogos, prefeitos, agricultores familiares e moradores do território quilombola Kalunga, entre outros personagens.

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O longa também aborda a dimensão social do Cerrado por meio de entrevistas com agricultores familiares e membros do território quilombola Kalunga
Pôster de Ser Tão Velho Cerrado
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Atividades como plantação de soja transgênica, pastagens de gado, mineração e até construção de hidrelétricas ameaçam o Cerrado

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O longa também aborda a dimensão social do Cerrado por meio de entrevistas com agricultores familiares e membros do território quilombola Kalunga

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Pôster de Ser Tão Velho Cerrado

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“O filme tem que trazer provocação para a comunidade e o poder público. Afinal de contas, precisamos do Cerrado para viver. O que está em jogo é o direito de as pessoas viverem tranquilas, terem energia, água, comerem bem”, diz o diretor paulistano André D’Elia, de 31 anos. “Não somos ambientalistas, mas humanistas”, continua.

Autor de outros dois documentários com temática ambiental, A Lei da Água (2015) e Belo Monte, Anúncio de uma Guerra (2012), D’Elia foi chamado para retratar o bioma do Centro-Oeste pela Fundação Mais Cerrado, organização que articula politicamente pela criação de uma lei de proteção e coproduziu o filme.

Ao longo dos três anos de realização do documentário, o Cerrado sofreu com desmatamentos e sobretudo com o grande incêndio de 2017, que destruiu 65 mil hectares (ou 25%) do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Ainda existe a suspeita de motivação criminosa.

Nesse período, o movimento em defesa do bioma também cresceu e algumas vitórias foram conquistadas, como a ampliação que aumentou em quatro vezes o tamanho da área de preservação da Chapada, em junho de 2017 – felizmente, antes do maior incêndio da história da reserva.

O chamado estresse hídrico na região Centro-Oeste, que causou um severo racionamento de água no Distrito Federal entre 2017 e 2018, é um dos temas centrais do filme.

As pessoas precisam valorizar mais o Cerrado e enxergá-lo além da aparência de vegetação seca. Isso dá a sensação de que ele é desprezível, sem importância. Mas ele é fundamental para a existência do ser humano na Terra. Sem ele, os outros biomas se descontrolam

André D'Elia, diretor do filme

Especialistas explicam que o Cerrado funciona como uma espécie de guarda-chuva, distribuindo água para outras regiões do país. As raízes profundas das árvores ajudam a formar lençóis freáticos. A única coisa que segura o líquido é justamente a vegetação nativa, alvo de destruição da agricultura industrial para dar lugar a pastagens de gado e plantações de soja – sem falar nas ameaças causadas pela mineração e pela possível construção de hidrelétricas na Chapada em um futuro próximo.

Ou seja: quanto mais desmatamento, menos água. “Em breve, vai ter muito parlamentar tomando banho de canequinha”, brinca o ator Juliano Cazarré, narrador de trechos do filme com a atriz Valéria Pontes.

Reynaldo Gianecchini, o “Embaixador do Cerrado”, faz uma breve participação no longa. Outra personalidade de peso que apoia a preservação do Cerrado é o líder espiritual Sri Prem Baba, o qual construiu pontes de diálogo com o poder público.

“Muitos cientistas acreditam que o Cerrado já atingiu um patamar irreversível de perda de biodiversidade. Vivemos desertificação sem precedentes, crise hídrica nunca vista. Como está organizada hoje, a monocultura industrial inviabiliza a agricultura familiar. Se a gente continuar destruindo e o poder público agindo como faz hoje, teremos cenário muito triste de falta de água e crise de fome no futuro”, alerta D’Elia.

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