Dira Paes critica os indignados de Facebook
Em cartaz em “Mulheres no Poder”, a atriz acredita que as redes sociais viraram portais de reclamação e denúncia, mas as pessoas estão estagnadas
atualizado
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Em outubro, Dira Paes dará à luz o segundo filho. O parto está marcado para o dia 29, mesma data em que ela e o marido, o fotógrafo Paulo Baião, completam dez anos de relacionamento. “Queria muito ter outro filho. Foi uma tentativa de quatro anos que agora deu certo”, conta. A atriz só não gosta de tratar do assunto quando perguntada sobre como é engravidar aos 46 anos. “Isso não se discute mais hoje em dia. É coisa de gente desinformada”, desconversa.
Dira revela mais entusiasmo ao falar de “Mulheres no Poder”, comédia que teve parte das cenas filmada em Brasília em janeiro do ano passado, e agora está em cartaz na cidade. Ambientado numa época indeterminada, o filme coloca o sexo feminino no comando da política nacional. A situação, porém, não é diferente da que acompanhamos no noticiário.
Em cena, a atriz interpreta a senadora Maria Pilar, papel escrito especialmente para ela pelo diretor e roteirista carioca Gustavo Acioli. Na vida real, Dira Paes é cidadã empenhada em fazer sua parte a favor do coletivo, atuando em frentes como a ONG Humanos Direitos. Em entrevista ao Metrópoles, ela critica os indignados de Facebook e detalha seu engajamento no combate ao trabalho escravo e no apoio às questões agrárias.
Política com bom humor
“Esse papel me deu vontade de falar sobre o assunto, a política e esse gerenciamento que a gente não quer mais. Trazemos isso para o universo feminino. E o bacana é poder tratar com humor sobre temas difíceis, como as manobras de favorecimento que existem na política. A comédia é um nicho da arte difícil de ser feito. É sempre uma ousadia. Acho que esse projeto vem ao encontro de um momento bem apropriado do Brasil”.
Questões de gênero
“O filme se passa no dia de uma licitação, ocasião atípica em qualquer organismo corrupto. Tem tramoias surreais que quase não acreditamos que possam acontecer. ‘Mulheres no Poder’ encena esse momento e nos possibilita também rir disso. O grande barato é podermos nos divertir um pouco com uma situação que já extrapolou qualquer nível de aceitação. Fomentar a discussão com bom humor é melhor do que com mau humor”.
Apoio à ONG Humanos Direitos
“O combate ao trabalho escravo é uma das nossas principais bandeiras, porque deflagra processos que envolvem o homem do campo. Acho que o governo tem um olhar para isso desde a época de Lula, quando foram feitas audições fiscais nas fazendas. Mas nunca é o suficiente. São feridas abertas que não vêm de agora, mas de 500 anos de Brasil. Temos que ter consciência de que o país precisa baixar suas taxas de violência, desigualdade e racismo”.
Indignação x ação
“O ranço político das pessoas está muito equivocado. Elas estão estagnadas na reclamação e não partem para a ação. Hoje em dia, as redes sociais viraram portais de reclamação e denúncia. E as ações? O que realmente estão fazendo pelo próximo? Há muita gente que critica todo tipo de envolvimento e engajamento. É uma maneira de justificar a letargia. Critica-se no outro o que falta em si próprio”.
Segunda gravidez e projetos
“Queria muito ter outro filho. Foi uma tentativa de quatro anos que agora deu certo. Só paro de trabalhar em setembro. Ano que vem, devo voltar em alguma produção da TV Globo. Tenho vários outros longas para estrear. ‘Órfãos do Eldorado’, de Guilherme Coelho, inspirado em livro do Milton Hatoum, e o infantojuvenil ‘Encantados‘, da Tizuka Yamasaki, são dois deles. Eu tive um 2014 muito produtivo. Estou feliz com os filmes que pude fazer”.