Dira Paes estreia como diretora no filme Pasárgada, exibido em Gramado
Uma das atrizes mais conhecidas e admiradas do Brasil, Dira Paes dá um salto na carreira
atualizado
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“Eu sou cinema!”, disse Dira Paes, ao apresentar seu primeiro trabalho de direção em longa-metragem. Está certa, claro. É tão natural vê-la nas telas, seja de cinema, de televisão ou até mesmo celular e são tão variados os seus projetos e papéis – seja filme de arte, novela, blockbuster, curta-metragem ou comerciais – que todo cidadão brasileiro a enxerga e forma um laço. Aqui no Festival de Gramado, ela mostra mais uma face, ligada aos temas que ela carrega, como ecologia, natureza e preservação.
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Irene (Dira Paes) está hospedada em um pequeno sítio no meio da Mata Atlântica, à procura de passarinhos raros. Ao nos situar em sua solidão, o filme, vagarosamente, fornece dicas sobre sua ética. Existem duas opções: trata-se de uma bióloga ou cientista, realizando um trabalho de pesquisa, ou uma consultora, em missão para traficantes de animais silvestres. Seu contato, pelo computador, é o estrangeiro Peter (Peter Ketnath). À medida que o filme progride, a relação dos dois muda, e é isso o que estabelece a motivação real da excursão.
A única companhia de Irene são Ciça (Ilson Gonçalves) e Manuel (Humberto Carrão), dois mateiros da região que servem como guias. São papéis charmosos e bem executados. Ilson Gonçalves parece ser o próprio personagem, um daqueles achados que o cinema providencia, uma personalidade única que consegue agir como si mesmo em frente às câmeras (é mais difícil do que parece). Carrão, que virou uma personalidade cult nas redes sociais brasileiras, também é excelente ator.
Pasárgada é um filme sensorial, em primeira mão. Assim como Irene, estamos absorvendo as vistas e os sons desta mata, submergindo em sua água e distinguindo o canto dos pássaros. A fotografia de Pablo Baião, parceiro de Dira e produtor do filme, é essencial para a experiência. O casal concebeu o filme no primeiro ano da pandemia e o curioso é que, mesmo filmando em espaços e paisagens grandes, não deixa de abordar também temas pandêmicos, a exemplo das conversas por telefone e da necessidade de se reconectar com a natureza. Irene passa por momentos de experimentação e fantasia, algo recorrente nas pessoas trancadas em casa, ansiosas por um respiro de ar fresco.
Dira começa a carreira de diretora com uma mão segura e estilosa, que tenta unir as duas vertentes: o cinema de arte e o comercial. Sensorial e estético, o longa relata uma trama fácil de seguir. Virá mais por aí.