“Democracia em Vertigem é ficção”, diz secretário de Cultura
“Isso só mostra como a guerra cultural está sendo travada não só aqui, mas em âmbito internacional”, afirmou Roberto Alvim
atualizado
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Para o secretário especial de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, a obra Democracia em Vertigem, indicada nesta segunda-feira (13/01/2020) a melhor documentário longa-metragem do Oscar, é uma “ficção da esquerda” para tentar “minar” a percepção sobre a realidade. A produção brasileira trata do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sob uma visão favorável à petista.
“A esquerda cria ficções, a exemplo de ‘Democracia em Vertigem’, para tentar minar a percepção das pessoas diante de uma realidade que é desfavorável ao projeto de poder da própria esquerda. A esse embate entre ficção e realidade dá-se o nome de guerra cultural”, afirmou Alvim.
Em tom de ironia, o secretário disse ainda que a escolha da Academia estaria correta se a peça disputasse a estatueta na categoria “ficção”. “Isso só mostra como a guerra cultural está sendo travada não só aqui, mas em âmbito internacional”, afirmou Alvim.
Ele trata a guerra cultural como um embate entre quem vive na “realidade”, que seriam os conservadores, contra os “esquerdistas”, que estariam no “plano das narrativas”.
O dramaturgo Alvim foi nomeado em novembro de 2019 para comandar a Cultura, semanas após ofender nas redes sociais a atriz Fernanda Montenegro. Conservador e discípulo do escritor Olavo de Carvalho, o secretário defende o engajamento de conservadores em pautas da cultura do governo e promete lançar, nesta semana, o maior programa de incentivo ao setor da história, ainda não detalhado.
Dirigido pela cineasta Petra Costa, o documentário da Netflix é narrado em primeira pessoa por Petra e traz imagens dos protestos de junho de 2013, da derrubada de Dilma, da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
A produção recebeu críticas na época que foi lançado por trazer uma visão pessoal de Petra sobre os episódios históricos.
“O projeto foi crescendo na minha cabeça. Era preciso voltar à rua, seguir o processo no Congresso, documentar o que estava se passando no País”, disse Petra ao Estado durante o lançamento do longa-metragem.