“Deadpool” é filme de herói desbocado, irônico e violento
Nova aventura da Marvel coloca Ryan Reynolds na pele de um justiceiro verborrágico, sujo e brutal
atualizado
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Os filmes de herói sempre estiveram por aí tentando a sorte nos cinemas, mas foi após o sucesso de “Homem de Ferro” (2008) e a compra da Marvel pela Disney, em 2009, que esse universo assumiu a gigantesca forma de uma indústria dentro da própria indústria (de Hollywood). A fábrica, porém, costuma fazer filmes todos parecidos, com as já manjadas piadinhas internas – uma resposta direta aos títulos trágicos e realistas da DC/Warner, liderada por Batman e Superman.
É quando chegamos a “Deadpool”, um personagem muitíssimo mal apresentado em “X-Men Origens – Wolverine” (2009), certamente um dos piores filmes de herói já feitos. Aqui, como o próprio verborrágico personagem gosta de brincar, ele tem a pachorra de conduzir um filme só seu. Não é nenhuma maravilha, mas pelo menos funciona como um produto que diverte bem mais do que “Vingadores – Era de Ultron” (2015) ou qualquer voo solo de Capitão América ou Thor, por exemplo.
Ryan Reynolds, um ator que andava em baixa em Hollywood, tem todo o espaço necessário para lavar a alma por meio de um personagem que tira sarro da indústria de cinema, de si mesmo e até do próprio ator, aquele mesmo que ilustrou o fracasso “Lanterna Verde” (2011), da DC. Wade, nome verdadeiro do anti-herói, tornou-se mercenário após integrar as Forças Especiais do exército.
Ao descobrir um câncer, deixa a esposa, Vanessa (Morena Baccarin), para se submeter a um tratamento experimental. É quando ele vira uma aberração pelas mãos de Ajax (Ed Skrein), um vilão que nem parece vilão: só está ali para entrar no caminho do protagonista e provocar faíscas.
Subversão calculada e humor ácido
Deadpool (Ryan Reynolds) é o oposto de qualquer outro herói. Primeiro: ele sequer se considera um justiceiro do bem. Fala um bocado de palavrão, não hesita em despedaçar seus inimigos e, a cada porrada, solta uma piadinha infame – geralmente de fundo sexual. Diretor estreante, Tim Miller precisa cumprir a fórmula industrial de contar uma história de origem, narrada até de forma mambembe e preguiçosa.
Nos momentos de respiro, quando o protagonista já busca vingança, Deadpool quebra a quarta parede, olha para o público, e entrega uma diversão bastante cartunesca e juvenil, permeada por ultraviolência, ironia e nudez. Fora alguns discutíveis clichês sexistas e misóginos, é um filme que parece flertar com o caos. Apesar disso, não deixa de ser um tipo de subversão comportada e calculada para agradar a todo instante.
Certos vícios, porém, impedem que “Deadpool” transcenda os limites do gênero. Nesse sentido, Angel Dust (a ex-atleta de MMA Gina Carano), braço direito de Ajax, é tratada como clássico exemplo de coadjuvante gratuito, usada em uma ou duas piadinhas de mau gosto.
A conexão com o universo dos X-Men, que engloba Deadpool, também soa conveniente: Colossus (Stefan Kapicic) e Míssil Adolescente Supersônico (Brianna Hildebrand) só aparecem para ligar a história de origem às outras narrativas da Marvel. Por fim, a batalha final é pura pirotecnia digital, não muito diferente do clímax dos outros produtos da franquia.
Avaliação: Bom
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