Curta Fantasma Cidade Fantasma participa de festival em Toulouse
Produção brasiliense é dirigida pela dupla Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia. Mostra acontece entre 16 e 25 de março, na França
atualizado
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Fantasma Cidade Fantasma, filme brasiliense dirigido pela dupla Amanda Devulsky e Pedro B. Garcia, é um dos cinco curtas brasileiros que participam da mostra competitiva do Cinélatino 30º Reencontres de Toulouse (França), importante vitrine de produções latino-americanas na Europa. O evento acontece de 16 a 25 de março.
Todo rodado à noite, no Parque da Cidade, o curta acompanha perambulações de personagens no espaço público, entre festas em estacionamentos e encontros em locais desertos. Formados pela UnB, os diretores buscaram um olhar próprio e original para tratar as inquietações do brasiliense com a capital. “Muito veio da nossa experiência com a cidade”, aponta Amanda, de 26 anos.
“Pedro é de Goiânia, mas também teve uma relação intensa com Brasília. Tentamos pensar esses espaços da cidade e a forma como a gente e as pessoas ao nosso redor se apropriavam deles. E como isso era invisibilizado de forma geral”, reflete a cineasta.
Amanda e Garcia trabalham juntos desde o primeiro curta dela, Querido Capricórnio (2014), feito em ambiente universitário e vencedor do Troféu Câmara Legislativa na Mostra Brasília, segmento de “pratas da casa” do Festival de Brasília.
Ela também assinou A Outra Caixa (2016). Fantasma Cidade Fantasma representa a primeira experiência dele na direção. Os dois atualmente trabalham em novo curta-metragem, ainda sem título.
A capital desnudada
Forjada em Brasília, hoje a dupla se reveza entre Rio de Janeiro e a capital federal e mantém a produtora Casa de Arroz. Ambos cursam mestrado: ela em Artes na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e ele em mercado de cinema na UFF (Universidade Federal Fluminense).
Repensar os espaços públicos por meio de gêneros como fantasia, terror e thriller tem sido uma constante no cinema nacional contemporâneo.
Recife é a grande personagem de O Som ao Redor (2012) e Aquarius (2016), longas do pernambucano Kleber Mendonça Filho. A dupla Juliana Rojas e Marco Dutra problematiza São Paulo em longas coletivos e solos, como As Boas Maneiras (2017), ainda inédito no circuito comercial.
Juliana, aliás, leva para o festival de Toulouse o curta A Passagem do Cometa, trama sobre aborto que concorreu ao troféu Candango no 50º Festival de Brasília. Amanda, por sinal, saiu dessa mesma edição da mostra com prêmio pela montagem de Mamata, produção baiana de Marcus Curvelo.
Amanda enxerga conexões entre “preocupações contemporâneas” acerca de Brasília e as vistas em trabalhos audiovisuais de outras regiões do Brasil. “Mas aqui é diferente de todas as outras cidades. E as questões são muito específicas. O filme tem a ver com fantasia, mas não de um jeito direto e literal, apesar do título. É sobre sensações, experiências”, explica.