Críticas: em Cópias, Keanu Reeves desafia ciência e clona família
Astro interpreta cientista que se arrisca ao “copiar” mulher e filhos mortos em acidente de trânsito
atualizado
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No filme Cópias – De Volta à Vida, Will Foster, personagem do astro Keanu Reeves, desafia os limites da ética científica ao usar seus conhecimentos para salvar sua própria família.
A mulher, Mona (Alice Eve), e os filhos, Matt (Emjay Anthony), Sophie (Emily Alyn Lind) e Zoe (Aria Lyric Leabu), morreram num acidente de carro. O neurocientista não hesita em aplicar as pesquisas experimentais feitas na Bionyne Corporation, empresa de biomédica onde trabalha, para criar clones das pessoas que mais ama.
Joga contra Cópias não exatamente o catálogo de clichês de um thriller sobre clones – dilema de criar vida artificialmente, embaralhar a ordem natural dos eventos e das coisas, entre outras discussões filosóficas. O problema é a abordagem preguiçosa do filme.
Will desenvolve um trabalho, ainda em fase de testes, que pode ajudar portadores de doenças degenerativas, vítimas de acidentes que comprometem funções motoras e até combatentes feridos em guerras.
Tanto que o filme abre com o cientista tentando transferir a mente de um soldado fisicamente irrecuperável para um corpo sintético. Seria uma maneira de estender a vida e, assim, torná-la praticamente infinita ou ao menos mais duradoura do que o esperado.
Jeffrey Nachmanoff, diretor do longa – e roteirista de O Dia Depois de Amanhã (2004) –, procura dar um relevo sentimental à trama quando Will decide “ressuscitar” mulher e filhos. Já que só há três embriões genéricos na Bionyne, ele se vê obrigado a fazer um sorteio, com pedacinhos de papel, para definir quem ficará de fora. Sobrou para Zoe.
A família “volta” à vida sem as memórias da filha e irmã deixada para trás, mas o filme não parece lá muito preocupado com esse possível viés psicológico da trama. Na verdade, o próprio processo de clonagem soa simples demais para um projeto tão arriscado – um Ctrl c + Ctrl v da neurociência.
Para escrever um algoritmo capaz de sincronizar os mapas mentais com os novos corpos, basta movimentar as mãos no ar num computador à la Minority Report (2002) e esperar a mágica acontecer.
Escrito por Chad St. John (A Justiceira) e Stephen Hamel (produtor de Passageiros), o roteiro ainda apela para o velho lugar-comum do gênio da ciência enganado pela ganância empresarial – o figurão Jones (John Ortiz) não pretende aliviar a dor de ninguém com as pesquisas de seu melhor funcionário. A lista de deslizes da produção vai longe: efeitos visuais datadíssimos e um clímax que não se decide entre o pessimismo fácil e o final feliz com gente aproveitando um dia de sol na praia.
Há exemplares sci-fi sobre personagens duplos e memórias implantadas bem mais criativos por aí – de O Vingador do Futuro (1990) às franquias Resident Evil e Soldado Universal, ambas numa veia tresloucada. Para a sorte de Keanu Reeves, logo estreia John Wick 3: Parabellum (em 16 de maio), novo capítulo da grande saga de ação dos últimos anos, deletando Cópias das nossas mentes.
Avaliação: Ruim