Crítica: “Vida” tem nome ambicioso, mas roteiro fraco
A nova safra de filmes espaciais, com pouca exceção, sofre com personagens de inteligência e treinamento limitados
atualizado
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Houve uma época em que ser astronauta significava um ideal da espécie humana. Apenas os mais inteligentes e treinados seriam capazes de se aventurar pelo espaço sideral em naves que custam milhões de dólares. Pelo cinema recente, imagina-se que a Nasa esteja em crise. Thrillers espaciais, hoje em dia, estão povoados por pessoas que se dizem altamente técnicas e qualificadas, mas quando qualquer coisa dá errado, cometem erros bobos e primais.
“Vida” começa com seis personagens de raças e nacionalidades diversas a bordo de uma estação espacial. São os melhores do mundo e estão no aguardo de uma pequena nave automatizada que trará para a equipe amostras do solo de Marte. Com uma trilha sonora operática, os tripulantes filosofam sobre a Terra, o espaço e a possibilidade de vida extraterrestre. A última possibilidade é algo que já esperam, pois Hugh Derry (Ariyon Bakare) já tem um laboratório estruturado para isso, o que inclui um sem-número de procedimentos para quarentena.
Derry encontra no solo marciano um organismo unicelular. Tanto a equipe quanto o planeta celebram a descoberta. Na melhor cena do filme, uma cerimônia terrestre revela o nome escolhido para a criatura: Calvin. O alien começa a crescer vertiginosamente e como todas as suas células são pluripotentes — elas podem funcionar como músculos, olhos e nervos — é óbvio que tudo sai do controle.
Falta de Treinamento
A partir desse momento, ocorre o de sempre: um alienígena hostil fica à solta na nave e os tripulantes vão morrendo, um a um. Ryan Reynolds (“Deadpool”), Jake Gyllenhaal (“Animais Noturnos”) e Rebecca Ferguson (“A Garota no Trem”), Hiroyuki Sanada (“Wolverine – Imortal”) e Olga Dihovichnaya completam o elenco principal.
Uma ou outra morte é memorável, mas todas dependem de uma certa incompetência dos personagens ou da própria estação espacial, que não tem combustível e oxigênio suficientes — o que funciona mais como um meio de aumentar a tensão do que uma representação concreta de uma missão espacial.
O diretor Daniel Espinosa tem um bom controle de tensão e usa uma trilha sonora com efeitos interessantes. Mas o roteiro o impede de fazer qualquer coisa que não seja derivativa do que veio antes. Nem Calvin tem personalidade. Descrevê-lo como uma mistura de polvo e estrela-do-mar com cabeça de réptil soa interessante, mas não é.
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Avaliação: Ruim