Crítica: “Uma Mulher Fantástica” é protagonizado por atriz trans
Novo longa do chileno Sebastián Lelio acompanha garçonete transexual que perde namorado e tenta se situar no mundo
atualizado
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A câmera está quase sempre próxima da protagonista Marina Vidal (Daniela Vega) durante toda a duração da película chilena “Uma Mulher Fantástica”. Essa aproximação quase epitelial é fundamental para criar empatia com a personagem, uma garçonete transexual cuja vida é virada de ponta-cabeça após perder seu namorado para um aneurisma.
A película, narrada pelo ponto de vista de Marina, trata sobre o calvário para se despedir de seu companheiro, Orlando, um homem de meia-idade que resolveu sair de um casamento convencional para viver um relacionamento com uma mulher transgênera, interpretado pelo ator veterano Francisco Reyes.
Santiago, capital do Chile, parece ser indiferente ao drama de Marina. Seus moradores engravatados cruzam a cidade sem se “importar” com o drama vivido por ela, mesmo quando a violência transfóbica é explícita — ao ser violentamente expulsa do velório do companheiro, realizado na Paróquia da Sagrada Família.
Conhecido por suas películas independentes do início de carreira, “La Sagrada Família” (2005) e “Navidad” (2009), o cineasta Sebastián Lelio gosta de estremecer os valores da família tradicional chilena. Ao retratar seus personagens em núcleos microscópicos, Lelio expande sua análise à toda a sociedade do Chile.
Um dos principais cineastas contemporâneos daquele país, ao lado de Pablo Larráin e Andrés Wood, Sebastián Lelio avança sua dramaturgia enfocando tramas protagonizadas por mulheres. Foi o diretor quem realizou o longa-metragem “Glória”, interpretado pela atriz Paulina Garcia (a mãe de Pablo Escobar em ‘“Narcos”), lançado no Brasil em 2014.
Pela delicadeza do tema, o autor não hesitou em convidar a atriz trans e cantora lírica Daniela Vega para participar do projeto desde a concepção do roteiro, escrito pelo cineasta junto com Gonzalo Maza. A produção ganhou o Urso de Prata de melhor roteiro e o prêmio Teddy (dedicado às produções com temática LGBT) no Festival de Berlim de 2017.
Avaliação: Bom