Crítica: “Uma Família de Dois” tem bom elenco, mas é dramalhão forçado
Estrelada por Omar Sy, astro de “Intocáveis” (2011), comédia dramática narra as idas e vindas de um pai que cria a filha sozinho em Londres
atualizado
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“Uma Família de Dois” reúne tantas reviravoltas que mal dá para acreditar que se trata apenas de uma história de pai e filha. Samuel, vivido por Omar Sy, o astro de “Intocáveis” (2011), trabalha à beira-mar na França.
Cuida de um barco voltado para passeios turísticos, e organizada baladas às escondidas. Em resumo, um bon-vivant. Até que, um belo dia, Kristin (Clémence Poésy), um dos muitos casos que Samuel teve com turistas festeiras, surge com um bebê.“Uma Família de Dois”, remake da comédia mexicana “Não Aceitamos Devoluções” (2013), funciona como um novelão das sete sobre as idas e vindas da vida. Samuel vai a Londres com Gloria, o bebê, à procura de Kristin. Sem sucesso.
Lá, Samuel consegue se arranjar. Cria Gloria (Gloria Colston) numa casa que parece de brinquedo, com escorregadores, esculturas de Lego e até uma porta personalizada, adaptada à altura da menina. A escolha de carreira também foi certeira: dublê de um famoso seriado de ação à la “24 Horas”.
Cinema parque de diversões
Não contente com a atmosfera de comédia leve e inofensiva – nunca se viu uma Londres tão ensolarada no cinema –, o diretor Hugo Gélin dá rasteiras dramáticas da metade para o fim.
Samuel, além das travessuras cotidianas, construiu uma mãe de mentira para Gloria. Para a garota, Kristin é uma agente secreta envolvida em missões mundo afora. O contato é somente por e-mail – todas as mensagens são escritas por Samuel, claro.
Até que Kristin retorna e o roteiro mergulha num dramalhão doméstico que envolve disputa judicial pela guarda da menina e até doença incurável em um dos três. O filme força tanto a barra para soar edificante que os personagem sequer conseguem respirar para fora da caricatura (efusiva ou trágica).
“Uma Família de Dois” embala todo tipo de emoção possível com claro objetivo de fazer o público derreter de rir e chorar. Cada reviravolta parece calculada para provocar e agendar reações. Como um passeio entediante a um parque de diversões.
Avaliação: Ruim
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