Crítica: Toy Story 4 tenta dar novo sentido ao que é ser um brinquedo
Filme de animação do adorado estúdio Pixar, da Disney, narra as incertezas de Woody enquanto apresenta Garfinho, favorito de Bonnie
atualizado
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Toy Story 4, nova animação da Disney/Pixar, tenta seguir adiante com uma franquia que parecia dizer adeus em Toy Story 3. Pudera. Lembra como o filme de 2010 termina? Os brinquedos dando as mãos e se olhando resignados enquanto esperam ser engolidos pelas chamas infernais de um lixão. Ok, no fim das contas, tudo dá certo e eles acabam com uma nova dona, a pequena Bonnie, já que Andy cresceu e foi para a faculdade.
A quarta aventura, sequência direta da terceira, com Bonnie entrando no jardim de infância, tenta aliviar um pouco os ânimos: mais situações cômicas através de uma multidão de novos personagens e ambiciosas set pieces de ação. Com direção do estreante Josh Cooley, um dos roteiristas de Divertida Mente (2015), o desenho busca, de certa maneira, uma transição suave para o que pode representar uma fase inédita para franquia.
Não por acaso, Toy Story 4 é todo centrado em Woody e Buzz, protagonistas perenes da saga, e novos brinquedos. A pequena família de Bonnie – pai, mãe e ela – decide fazer uma curta viagem de trailer. Para em uma cidadezinha cuja principal atração é um parque de diversões itinerante e um antiquário.
A garotinha leva os brinquedos, claro. Mas só tem olhos para Garfinho, talher de plástico que transformou em companheiro para todas as horas no primeiro dia de aula. Woody jamais esqueceu Andy, seu antigo dono. Era o favorito do menino. Hoje, faz companhia a outros “aposentados” no armário. Mal sai dali. Ensinar o medroso e paranoico Garfinho a ser um brinquedo ajuda o xerife a se sentir útil.
Durante a viagem, Woody reencontra Betty, um grande amor que jamais pôde nutrir por causa de seus compromissos lúdicos a serviço dos humanos. A boneca de porcelana, antes uma princesinha pastoril, é praticamente reintroduzida na franquia como uma bem-vinda nova personagem: um brinquedo “perdido”, sem dono ou dona, mas independente, livre e disposto a conhecer o mundo.
Se Toy Story 3, fora aquele final quase apocalíptico, funcionou como um vistoso thriller de fuga de prisão, o 4 envereda por outro subgênero clássico do cinema de ação: a missão de resgate. Garfinho vira prisioneiro de Gabby Gabby, uma carente boneca com defeito, e seu esquadrão de marionetes de filme de terror. Vilões simpáticos, mas algo derivativos de Lotso e Bebezão, os antagonistas do terceiro filme.
Cooley aproveita a deixa para remexer a dinâmica do elenco. Aquela turma de sempre – Jessie, Bala no Alvo, Rex, Slinky, Porquinho e o casal Sr. e Sra. Cabeça de Batata, além dos brinquedos não herdados de Andy – fica no trailer. Woody e Buzz juntam-se a Betty e um farto elenco de renegados: os amalucados bichinhos de pelúcia siameses Patinho e Coelhinho, a policial em miniatura Isa Risadinha – de longe a novidade mais sem graça – e o dublê e motociclista Duke Caboom.
Toy Story 4 é claramente um filme que precisa reabrir o ciclo na marra e arrumar maneiras de rearranjar as peças à guisa de, quem sabe, sequências e spin-offs. A principal delas envolve renovar o elenco, algo até esperado em franquias de longa duração, como o Universo Cinematográfico Marvel (MCU). (As lojas de brinquedos agradecem.)
Apesar de menos inventiva do que os outros capítulos da saga, a quarta história consegue fiar essa travessia com certa classe. Não sem aquela velha e infalível melancolia pixariana: ser brinquedo implica necessariamente ter um dono para agradar?
Avaliação: Bom