Crítica: “Toni Erdmann” é um belo filme sobre o poder do humor
Favorito ao Oscar 2017 de filme estrangeiro, “Toni Erdmann” narra as idas e vindas de um relacionamento entre pai e filha
atualizado
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“Toni Erdmann”, o sujeito que dá nome ao filme, é um sessentão piadista e bom de papo. Ele usa uma dentadura bizarra, um terno gasto e uma peruca nada sutil. Num bar de Bucareste, na Romênia, ele se apresenta a Ines (Sandra Hüller) e amigas dela como um coach a trabalho na cidade.
Quando vemos essa cena, já sabemos que Toni, na verdade, é Winfried (Peter Simonischek), professor de música e pai de Ines. A filha trabalha num negócio tipicamente contemporâneo: viaja para vários cantos do mundo demitindo e reorganizando hierarquias de grandes empresas.
Pai e filha: entre alegrias e angústias
Apesar de ter 2h42min de duração, “Toni Erdmann” é um filme econômico. Temos apenas Winfried e Ines em Bucareste, entre desencontros, conversas educadas e ruídos de comunicação. Quando o alter ego Toni entra em cena, Maren começa a construir diálogos e cenas cada vez mais estranhos, mas encantadores.
“Toni Erdmann” consegue navegar pelo que existe de mais complexo num relacionamento, sobretudo de pai e filha. Winfried e Ines interpretam seus papéis sociais à risca, mas Toni vem para escancarar os intervalos entre a confiança e a distância, a alegria e a angústia. A saudade e a indiferença.
Maren Ade passou anos desenvolvendo “Toni Erdmann”. Essa depuração do material pode ser facilmente notada na fluidez com que a comédia equilibra gestos, pausas, olhares e um tom tão farsesco quanto dramático.
Um filme sobre o que deixamos de fazer quando estamos ocupados demais com outras coisas. “Toni Erdmann” é a obra-prima de sentimentos cristalinos e libertadores para tempos confusos e turvos.
Avaliação: Excelente
Veja horários e salas de “Toni Erdmann”.